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Presidente angolano exonera comandante-geral da Polícia

31 de julho de 2018

O Presidente João Lourenço exonerou esta terça-feira o comandante-geral da Polícia Nacional de Angola. Alfredo Eduardo Manuel Mingas "Panda" apresentou a demissão depois do envolvimento num acidente que fez dois mortos.

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João Lourenço, Presidente da República de AngolaFoto: Reuters/S. Eisenhammer

Por decreto, o chefe de Estado angolano exonerou Alfredo Mingas "Panda", a pedido do próprio. Para o cargo de comandante-Geral da Polícia Nacional foi nomeado o comissário-chefe Paulo Gaspar de Almeida, até aqui segundo comandante-geral da corporação, segundo uma nota da Casa Civil do Presidente da República, citada pela imprensa angolana. O número dois da Polícia Nacional passa a ser o comissário-chefe António Pedro Joaquim Kandela.

As mudanças na corporação ocorrem uma semana depois de um acidente de viação na Avenida Comandante Gika, arredores de Luanda, na noite de terça-feira (24.07), em que esteve envolvido o agora ex-comandante-geral da Polícia Nacional. Duas pessoas morreram numa colisão entre duas viaturas, uma delas pertencente a Alfredo Mingas "Panda", que ficou ferido no acidente.

Segundo um comunicado do Ministério do Interior, o então comandante-geral da Polícia Nacional transitava no sentido sul-norte, tendo a viatura que conduzia colidido com outra que saía do interior de um bairro, por caminho rural, para aceder à via principal.

Investigação da PGR

"A pressa com que os órgãos envolvidos removeram todo o cenário que podia desenhar-se no croquis do acidente reforça alguma suspeita sobre alguma cumplicidade que eventualmente pode ser imputada ao ex-comandante da Polícia", comenta o analista e jornalista angolano Alexandre Neto Solombe, em declarações à DW África.

Presidente angolano exonera comandante-geral da Polícia

O analista lembra que há "um órgão implicado nisso tudo, que é a Procuradoria-Geral da República (PGR)", que já disse que vai fazer uma investigação independente. "E é bem-vinda para que todos nós possamos perceber qual é o grau da culpa de um e de outro", defende.

Enquanto isso, sublinha Alexandre Neto Solombe, deve-se aguardar pela conclusão da investigação que está ser levada a cabo pela PGR e pela Polícia Nacional de Angola. "Uma explicação pericial com dados técnicos e croquis de explicação sobre toda a envolvente circunstancial, dados hospitalares que confirmem os dados emocionais de cada um dos envolvidos no acidente, seja o comandante seja as vítimas mortais, para que possamos fazer melhor juízo sobre se houve ou não culpa do ex-comandante da Polícia".

Exonerados administradores de Cazenga e Cacuaco

Para além do comandante-geral da Polícia Nacional, esta terça-feira (31.07) foram igualmente exonerados os administradores dos municípios do Cazenga e Cacuaco, também a seu pedido. Os dois governantes, Tany Narciso e Carlos Kavuiquila, eram fortemente contestados pela população local. 

Para ocupar os cargos de administradores municipais foram nomeados, em comissão de serviço, Augusto José para o Cacuaco e Albino da Conceição José para o Cazenga.

Será que se está diante de uma cultura de pedido de demissão no governo angolano? "O que acontecia era que, dominados por uma disciplina político-partidária, eles estavam proibidos de usar do seu direito de liberdade de expressão e anunciar à sociedade e aos órgãos de comunicação social que tinha sido da iniciativa deles pedir demissão", responde Alexandre Neto Solombe. No anterior governo, sublinha, "era proibido pedir demissão".

Manuel Luamba Correspondente da DW África em Angola
Lusa Agência de notícias