Quarenta e um estudantes guineenses com visto de estudante válido continuam retidos no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, desde a passada quinta-feira (28.08). As autoridades portuguesas deram-lhes até sexta-feira para apresentarem documentação adicional, sob pena de serem repatriados para a Guiné-Bissau.
Segundo a Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboa (AEGBL), os jovens estão devidamente matriculados em instituições do ensino superior português e viajaram com vistos emitidos pelas autoridades consulares. No entanto, à chegada, foram informados de que careciam de documentos como o termo de responsabilidade e comprovativos de meios de subsistência.
Documentos exigidos não foram pedidos no processo de visto
Em declarações à DW África, Admir de Carvalho, representante da AEGBL, manifestou perplexidade com a exigência destes documentos à entrada no país, sublinhando que os mesmos não foram requeridos durante o processo de obtenção do visto.
"É estranho que estejam agora a ser pedidos documentos que não foram exigidos nem no pedido de visto nem no embarque", afirmou.
Apesar de algumas melhorias nas condições de alojamento e alimentação dos estudantes retidos, a situação permanece por resolver. "É lamentável manter estes jovens retidos durante tantos dias, quando têm provas de matrícula em universidades portuguesas", acrescentou Admir de Carvalho.
Apelo urgente à intervenção das autoridades guineenses
Questionado sobre uma eventual ligação entre esta situação e o atual contexto diplomático entre Portugal e a Guiné-Bissau, o representante da AEGBL evitou especulações, mas reconheceu que "tem havido alguma crispação diplomática" entre os dois países. Ainda assim, defende que "os estudantes não devem ser penalizados por eventuais tensões políticas".
A AEGBL apela à intervenção urgente das autoridades guineenses, nomeadamente da Embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa, do Ministério dos Negócios Estrangeiros e do Ministério da Educação, para evitar o repatriamento iminente dos estudantes.