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Por que a exclusão da solução do problema?

5 de março de 2025

Governo assina hoje acordo político com partidos com assento no Parlamento, assembleias provinciais e municipais. Objetivo: acabar com crise pós-eleitoral. Mas neste xadrez falta uma peça importante: Venâncio Mondlane.

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Mosambiks Präsidentschaftskandidat Venâncio Mondlane
Foto: Carlos Equeio/AP/dpa/picture alliance

O ex-candidato presidencial e o mobilizador das manifestações em curso no país, Venâncio Mondlane (VM), não foi convidado a tomar parte do diálogo que produziu o acordo que se assina esta quarta-feira (05.03) em Maputo, como também não foi convidado a assistir a cerimónia, considerada pública.

Em entrevista à DW, Dinis Tivane, um dos assessores de Mondlane, não estranha a falta de convite, mas lamenta que Mondlane continue a ser excluído das negociações. 

DW: Como vê a exclusão de Venâncio Mondlane do diálogo que culmina no acordo a ser hoje anunciado?

Dinis Tivane (DT): [para] nós venancistas, [grupo] que alguma vez que terá sido convidado a participar desse diálogo, não soa estranhao que também não tivessemos recebido nenhum convite para testemunhar essa assinatura. E Venâncio Mondlane (VM) entregou os termos de referência para esse diálogo que foram claros. Das duas uma: já sabem o que queremos e devem estar a dialogar com base nisso, ou não queiram que estejamos envolvidos nisso porque havemos de fazer pressão para que aqueles pontos sejam levados em conta.

DW: Mas o PR tem diro que as portas da Presidência estão abertas para receber qualquer cidadãos que queira participar do processo de negociações. Vocês já terão tentado contactar a Presidência?

DT: Claro! Escrevemos várias cartas, já os informamos da incapacidade, em termos de legitimdade, do Albino Forquilha, para ele abandonar aquilo e incluir outros atores. Mas antes disso, e mesmo depois de Nyusi ter saido, colocamos outro tipo de expediente. Portanto, não é por aí que a questão se coloca. E mais do que isso, o engenheiro Venâncio desde que desembarcou no dia 9 de janeiro em Maputo disse que estava aberto ao diálogo e até hoje nunca houve resposta em relação a isto.

Venâncio Mondlane (esq.), político, e Dinís Tivane, seu assessor
Venâncio Mondlane (esq.), político, e Dinís Tivane, seu assessorFoto: Privat

DW: Há quem diga que a Presidência pode não estar a responder diretamente a VM para evitar que haja um "one man show". Como tem estado a olhar para isto e como olham para o fincar de pé da Presidência em não convidar-vos para as negociações?

DT: Em termos da Constituição da República, aqueles individuos que estão, com a excepção de Chapo, não representam nenhuma instituição e nem nenhum órgão do Estado. As duas únicas pessoas válidas para o diálogo, que efetivamente representariam franjas populacionais e do eleitorado, seriam o engenheiro Venâncio e Daniel Chapo.

DW: Mas ao assumir que deveria ser apenas VM e Daniel Chapo a sentarem-se a mesa de negociações isso não iria excluir alguns extratos da sociedade moçambicana? E não iria em contramão com a inclusão, tão propalada por VM?

DT: Penso que a questão que faz peca por não dizer que VM é exatamente a sociedade e o sinónimo de inclusão, porque nos termos de referência de VM, ele fez questão de colocar vinte figuras, incluindo confissões religiosas, ONGs, académicos, empresários e por aí em diante. Penso que a questão que se coloca aqui é exatamente esta: de tão puritano que é o engenheiro, contrasta com a ideia deste binómio que é a FRELIMO, que é querer sempre ter um júnior a debater consigo e nunca um sénior que tenha convições. Então, não lhes interessava nesta altura ter um engenheiro Venâncio Mondlanea impôr questões que efetivamente são de interesse da globalidade dos moçambicanos. Então, vão discutir questões que, por exemplo, podem roçar a configuração do Estado, os problemas que podem ter sido degenerados na crise pós-eleitoral, mas podem não ter a acutilância que o engenheiro Venâncio iria impor. São estas coisas que acreditamos que a FRELIMO está a fugir delas.

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