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CriminalidadeMoçambique

Polícia moçambicana trava ataque a posto administrativo

7 de fevereiro de 2025

A polícia matou sete supostos membros do grupo paramilitar Naparamas, que teriam tentado invadir o posto administrativo de Aube, na província nortenha de Nampula. Um agente da polícia ficou ferido nos confrontos.

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Porta-voz da polícia em Nampula, Dércio Samuel, durante conferência de imprensa
Dércio Samuel, porta-voz da Polícia da República de Moçambique em NampulaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

A polícia diz que os homens alvejados faziam parte de um grupo de 100 pessoas, que tentaram vandalizar, na quinta-feira (06.02), o posto administrativo de Aube, no distrito de Angoche, com "instrumentos contundentes", incluindo fechas.

O objetivo seria forçar os agentes económicos a baixar os preços dos alimentos, em cumprimento do "decreto" do antigo candidato presidencial Venâncio Mondlane.

Esta sexta-feira, Dércio Samuel, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, explicou que os supostos Naparamas pretendiam ainda sequestrar e matar o chefe do posto administrativo.

"Com as suas fitas vermelhas características, amarradas nos braços e nas cabeças, estavam preparados para atos de vandalismo, no posto administrativo de Aube", afirmou Samuel.

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"Também pretendiam capturar o chefe daquele posto para o matar, assim como a destruição de infraestruturas públicas e privadas, reclamando o não cumprimento de decisões do seu 'Presidente' Venâncio Mondlane."

Os restantes atacantes fugiram, acrescentou o porta-voz.

Serão mesmo Naparamas?

Segundo reza a história, os Naparamas são paramilitares moçambicanos que surgiram nos anos 1980, durante a guerra civil. Para combater os inimigos, aliavam conhecimentos tradicionais e elementos místicos. Usavam flechas e azagaias.

Em menos de uma semana, esta é a segunda notícia de um caso relacionado com alegados Naparamas. No domingo (02.02), supostos elementos do grupo teriam decapitado um secretário de bairro no distrito de Morrumbala, na província da Zambézia, segundo noticiou a agência Lusa.

O jornalista moçambicano Aunício da Silva acha tudo isto estranho e pergunta se os suspeitos dos ataques terão sido mesmo Naparamas, um grupo que foi afastado do combate pelas autoridades.

"Há um aproveitamento deste título de Naparamas pelos jovens da década de 2000", comenta Aunício da Silva em declarações à DW. "Se notar, largamente as pessoas que são detidas e mortas em confronto com a polícia, alegadamente sendo Naparamas, são jovens e adolescentes dos 16 aos 20 anos de idade […] obviamente que eles ouviram a história e usam isso como forma de amedrontar as Forças de Defesa e Segurança."

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Já a polícia em Nampula tem a certeza de que se trata de Naparamas. O porta-voz Dércio Samuel explica que os atacantes "traziam as fitas que [os Naparamas] tinham portado, e as suas ações são tipicamente desses indivíduos".

Recentemente, o ministro da Defesa, Cristóvão Chume, disse que as Forças de Defesa e Segurança podem ser chamadas a intervir no combate, caso os Naparamas voltem a intensificar as suas incursões.

A confirmar-se, Aunício da Silva diz serem necessárias intervenções enérgicas das FDS para evitar o seu recrudescimento: "É o papel dos militares garantirem a soberania", refere.

A polícia em Nampula garante que vai continuar a perseguir os supostos Naparamas fugitivos, para a sua detenção e responsabilização.

Sitoi Lutxeque Correspondente da DW África em Nampula