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FutebolRepública Democrática do Congo

Perspetivas de paz e Mundial de 2026 levantam o ânimo na RDC

John Duerden
11 de julho de 2025

Há um novo sentimento de esperança na República Democrática do Congo, alimentado pelo acordo de paz celebrado recentemente com o Ruanda e pela perspetiva de qualificação para o Campeonato Mundial de Futebol de 2026.

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Membros da Seleção de Futebol da República Democrática do Congo
Seleção de Futebol da República Democrática do Congo fez uma excelente campanha na África do Sul em 2023, ficando em quarto lugarFoto: Didier Lefa/Shengolpixs/IMAGO

O futebol na República Democrática do Congo (RDC) está a atravessar um período positivo. A equipa feminina disputou a Taça das Nações Africanas pela primeira vez desde 2012, enquanto a seleção masculina lidera o grupo de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2026, o que os coloca no possível regresso ao Mundial após a última participação em 1974.

Fora de campo, há também notícias animadoras. Se o acordo de paz assinado no passado mês de junho entre o país e o vizinho Ruanda se concretizar, a violência persistente poderá diminuir e os cidadãos poderão ter uma nova oportunidade de praticar ou ver desporto.

Os pormenores do plano de paz, mediado pelos Estados Unidos, podem ser atualmente vagos, devido às preocupações quanto à sua viabilidade e aos baixos níveis de confiança entre as duas partes, mas a perspetiva de estabilidade é bem-vinda.

Como a paz pode marcar pontos 

Se os combates cessarem, Guy Burton, analista internacional, afirma que há condições para o regresso do futebol. "É preciso chegar a um acordo de paz, porque vários clubes sediados no leste do país não puderam jogar devido ao recente conflito e invasão", diz.

Com a estabilidade no país, é necessário financiar as infrastruturas desportivas, lembra Francisco Mulonga, presidente do Sporting Club de Kinshasa. "Desde que seja seguida de uma implementação concreta e sustentável, o Estado e os investidores podem financiar melhor a reabilitação de estádios, campos comunitários e centros de treino. As regiões que antes estavam em guerra podem finalmente beneficiar de verdadeiras instalações desportivas", disse à DW.

À lupa: E agora, o que se segue ao acordo RDC-Ruanda?

Mais oportunidades em cidades como Goma, que fica perto da fronteira com o Ruanda, dariam aos jovens uma escolha: chutar uma bola em vez de pegar numa arma ou envolver-se no crime.

O impacto do Mundial de 2026

Participar no Campeonato do Mundo de 2026 pode ser uma "viragem no jogo" para a RDC. Mesmo com a instabilidade que se vive no país, a RDC está no topo do grupo de qualificação, com o Senegal e o Sudão logo atrás, faltando apenas quatro jogos. A República Democrática do Congo defronta estas duas seleções em casa ainda este ano.

Ricardo Eluka, fundador da Espoir Football Academy em Kinshasa, afirma que se a RDC chegar ao Mundial, é o abrir de uma porta ao mundo do futebol. "O Congo tem o mesmo nível de talento que a equipa nigeriana, ou o Gana e o Senegal. Temos esse tipo de jogadores, mas não temos dinheiro para investir. Se houvesse mais dinheiro a entrar, o futebol no Congo seria enorme", defende.

Mais investimento nas bases, nas instalações e nos clubes ajudaria o país a produzir mais jogadores como Chancel Mbemba, que já jogou quase 100 vezes pela seleção nacional, além de entrar em campo por clubes europeus como o Newcastle United, o FC Porto e o Marselha.

"A qualificação para o Campeonato do Mundo teria um impacto muito positivo e estruturante no futebol congolês a vários níveis: desportivo, económico, social e até político", destaca.

Resta saber se a participação da equipa masculina no Campeonato do Mundo irá impulsionar o futebol feminino, mas seria certamente muito celebrado num país que não tem tido muito para celebrar nos últimos anos.

O futebol é quase uma religião nacional na RDC e se a seleção se qualificar para o Campeonato do Mundo, isso certamente irá voltar a unir as pessoas.

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