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Pedido de suspensão de João Lourenço tem pernas para andar?

17 de agosto de 2025

Um membro influente do partido no poder em Angola pediu a suspensão de João Lourenço da presidência do MPLA. No entanto, analistas ouvidos pela DW consideram improvável que o pedido seja aceite.

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Sede do MPLA em Luanda, Angola
MPLA é o partido no poder em AngolaFoto: Borralho Ndomba/DW

Valdir Cónego, militante do Movimento Popular de Libertação de Angola(MPLA), com funções suspensas no Comité Central, requereu ao Tribunal Constitucional, através de uma providência cautelar, a suspensão do atual Presidente, João Lourenço, da liderança partidária.

Cónego fez saber que a decisão resulta do facto do Comité Central do partido não ter respondido a uma carta que enviou há mais de 45 dias, na qual pedia a convocação de uma reunião extraordinária para se discutir a liderança interna.

Portugal Lisboa 2025 | Valdir Cónego, membro do Comité Central do MPLA
Valdir Cónego quer que João Lourenço deixe a liderança do MPLA Foto: João Carlos/DW

Para o militante que já manifestou publicamente a intenção de se candidatar à presidência do MPLAdurante o Congresso Ordinário em novembro, a gestão partidária de João Lourenço está a levar o partido ao descrédito e a conduzir o país para um colapso social, onde a fome, a miséria e a pobreza extrema assolam mais de 25 milhões de cidadãos.

Jurista defende legalidade do pedido

À DW, o jurista e docente universitário Agostinho Canando diz que o pedido de suspensão remetido ao Tribunal Constitucional pelo militante Valdir Cónego é um expediente normal nos partidos políticos, com respaldo estatutário e na Constituição.
"Em princípio, nada obsta. Mas, tal como sabemos, o MPLA é um partido de matriz socialista/comunista. E os partidos dessa matriz vetam os direitos dos militantes”, afirmou.

Angola Luanda 2025 | Protestos contra o aumento do custo de vida
Valdir Cónego: "João Lourenço está a levar o partido ao descrédito e a conduzir o país para um colapso social"Foto: Borralho Ndomba/DW

O politólogo Anselmo Kundumula acrescenta que, ao requerer ao Tribunal Constitucional a suspensão do presidente do seu partido, Valdir Cónego assume uma posição de coragem em nome de muitos militantes descontentes com a atual liderança.

"Se nós formos a fazer um levantamento, vamos ver que a maioria está descontente com o desempenho de João Lourenço, enquanto presidente do partido. Se estendermos pelo país, então ele não tem mesmo hipótese”, disse.

Ceticismo sobre atuação do Tribunal

Questionado sobre o que esperar da atuação do Tribunal Constitucional neste caso, Agostinho Canando mostrou-se cético quanto à imparcialidade da instituição.

"Por conta daquilo que já nos habituou, o Tribunal Constitucional não faz aquilo a que nós chamamos vontade do povo. Costuma mais estar ao serviço do partido [no poder] e do seu líder", declarou.

A mesma visão é partilhada por Anselmo Kundumula. "Não temos qualquer certeza de que venha dar alguma coisa em termos de tratamento jurídico-constitucional", observou.

Até ao momento, o Secretário para Informação e Propaganda do Bureau Político do MPLA não se pronunciou sobre a petição.

"Angola vive os ventos da mudança"

José Adalberto Correspondente da DW África em Angola