Países da África Austral ordenam retirada de tropas na RDC
13 de março de 2025Os chefes de Estado e Governo dos países-membros da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) ordenaram, nesta quinta-feira (13.03), a retirada das suas forças de paz posicionadas no leste da República Democrática do Congo (RDC), onde lutavam contra o Movimento 23 de Março (M23), entre outros grupos rebeldes.
"A cúpula encerrou o mandato da SAMIDRC (a missão militar do bloco) e ordenou o início de uma retirada gradual de suas tropas da RDC", disseram os líderes em comunicado conjunto emitido ao final de uma cúpula extraordinária virtual do bloco regional de 16 nações.
A decisão foi tomada depois que 18 militares da SAMIDRC (a maioria sul-africanos) foram mortos no final de janeiro, quando o M23 avançou em direção a Goma, capital da província de Kivu do Norte, que acabou sendo tomada após pesados combates com o exército congolês.
A cúpula, presidida pelo Presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, reafirmou o seu "forte compromisso” de continuar apoiando a RDC em "sua busca para salvaguardar sua independência, soberania e integridade territorial, assim como a paz, a segurança e o desenvolvimento sustentáveis".
Os líderes também reiteraram "a necessidade de uma solução política e diplomática com todas as partes, incluindo as partes estatais e não estatais, militares e não militares" no leste da RDC para "a restauração da paz, da segurança e da tranquilidade no país".
"É fundamental que, daqui para frente, coloquemos um maior senso de urgência em nossos respetivos planos de trabalho. A ênfase deve estar nas estratégias de colaboração para melhorar a paz e a segurança na RDC", disse Mnangagwa na abertura da cúpula.
"As repercussões da instabilidade vão além dasfronteiras da RDC e afetam toda a região", alertou o Presidente do Zimbábue.
Além de Mnangagwa e do Presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, a cúpula contou com a presença dos chefes de Governo de Tanzânia, Samia Suluhu Hassan; Moçambique, Daniel Chapo; África do Sul, Cyril Ramaphosa; Botsuana, Duma Boko; Namíbia, Nangolo Mbumba; e Zâmbia, Hakainde Hichilema, entre outros líderes e representantes.
"Um processo de diálogo inclusivo e abrangente é essencial para fortalecer os mecanismos de segurança que protegem os direitos humanos e a dignidade das comunidades afetadas", afirmou o líder do grupo.
Ele fez essas declarações depois que Angola, que faz parte da SADC e é mediadora no conflito, anunciou ontem à noite que o Governo da RDC e o M23 iniciarão negociações diretas de paz em 18 de março na capital angolana, Luanda.