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Partido questiona proibição da entrada de humoristas

21 de julho de 2025

Partido português Iniciativa Liberal (Il) pediu esclarecimentos à embaixadora de Moçambique em Portugal sobre proibição da entrada em solo moçambicano de três humoristas - de Angola, Portugal e Brasil.

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Aeroporto Internacional de Maputo - Moçambique
A partir do Aeroporto Internacional de Maputo, o humorista angolano Gilmário Vemba anunciou o cancelamento de um espetáculo na capital moçambicanaFoto: DW/J. Beck

O partido Iniciativa Liberal (IL) pediu hoje (21.07) esclarecimentos à embaixadora de Moçambique em Portugal, Stella Novo Zeca, sobre a recusa de entrada em solo moçambicano de três humoristas - um português, um angolano e um brasileiro - advertindo que se pode estar perante uma "grave violação" da liberdade de expressão

Numa carta dirigida à representante diplomática de Moçambique na capital portuguesa, a IL manifesta "perplexidade e preocupação" com o facto de, este sábado, ter sido recusada a entrada em território moçambicano aos humoristas Hugo Sousa (Portugal), Gilmário Vemba (Angola) e Murilo Couto (Brasil). 

O partido português salienta que os três cidadãos, considerados "figuras públicas reconhecidas" nos países falantes da Língua Portuguesa, deslocaram-se a Moçambique com o intuito de participar num espetáculo cultural amplamente promovido, com lotação esgotada, e para o qual foi obtida a necessária documentação, incluindo vistos de entrada".

"A sua detenção e impedimento de entrada, comunicados de forma pouco transparente, representam não apenas uma perturbação para os próprios visados, como também um sinal preocupante para todos os que de, boa-fé, pretendem colaborar com Moçambique e o seu povo em iniciativas culturais, académicas ou profissionais", lê-se na carta.

A IL refere ainda que o espetáculo que estes três humoristas iam protagonizar, intitulado "Tons de Comédia", já tinha passado por cidades como Luanda, São Tomé, Ponta Delgada e Praia, estando previstas várias datas em cidades brasileiras, o que consideram demonstrar "a ligação e interesse cultural lusófono desta iniciativa".

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Interferência política

"Torna-se ainda mais inquietante o facto de surgirem receios desta decisão estar relacionada com alegadas simpatias políticas demonstradas por um dos artistas. A confirmarem-se tais motivações, estaríamos perante uma grave violação dos princípios fundamentais da liberdade de expressão, de circulação e do respeito pelos laços culturais que unem os países da CPLP", alerta o partido.

A IL pede assim à embaixadora de Moçambique em Portugal que informe "oficialmente os motivos que levaram à recusa de entrada dos cidadãos em causa" e que esclareça se "houve interferência de natureza política ou governamental na decisão tomada pelas autoridades migratórias moçambicanas".

O partido pede também que sejam "prestadas garantias que casos como este não se repetirão, assegurando que Moçambique se mantém um país aberto ao intercâmbio cultural e artístico no espaço da lusofonia".

A IL diz estar convicta de que a cooperação entre o povo português e moçambicano "se deve alicerçar na confiança mútua, na transparência institucional e no respeito pelos valores comuns que ligam Portugal e Moçambique".

Cimeira da CPLP
"A confirmarem-se motivações [de natureza política], estaríamos perante uma grave violação dos princípios fundamentais da liberdade de expressão, de circulação e do respeito pelos laços culturais que unem os países da CPLP", alerta a IL. Nesta imagem, bandeiras dos países membros da CPLPFoto: Djariatú Baldé/DW

Cancelamento inesperado

Este domingo, o humorista angolano Gilmário Vemba anunciou, a partir do aeroporto de Maputo, o cancelamento de um espetáculo na capital moçambicana, juntamente com o português Hugo Sousa e o brasileiro Murilo Couto, por terem sido impedidos de entrar no país.

Por seu lado, o Serviço Nacional de Migração (SENAMI) de Moçambique não deu qualquer explicação sobre a alegada retenção dos humoristas no aeroporto internacional de Maputo, refere a agência portuguesa de informação Lusa.

Dinis Tivane, assessor do político e ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 9 de outubro em Moçambique, afirmou ao início da noite, na sua conta na rede social Facebook, que Gilmário Vemba foi "impedido de entrar em Moçambique, por expor as suas opiniões".

No dia 8 de julho, Venâncio Mondlane e Gilmário Vemba partilharam publicamente um encontro, em Lisboa, exaltando "Anamalala", que em língua macua, falada no norte de Moçambique, significa "vai acabar" ou "acabou".

A expressão foi usada pelo político durante a campanha para as eleições gerais de 9 de outubro de 2024 e que se popularizou nos protestos por si convocados nos meses seguintes, ao não reconhecer os resultados da votação.

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Lusa Agência de notícias