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Ossufo Momade responsabiliza Governo por falhas no DDR

4 de junho de 2025

O presidente da RENAMO diz que é da responsabilidade do Governo moçambicano pagar as pensões aos desmobilizados. Ossufo Momade desafia ainda os críticos a provar as alegações contra ele de má gestão dos fundos.

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Ossufo Momade, líder da RENAMO
O presidente da RENAMO diz que não é o partido "e muito menos Ossufo Momade quem define e paga as pensões"Foto: Nádia Issufo/DW

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Ossufo Momade, lançou hoje um desafio direto àqueles que o acusam de má gestão dos fundos destinados ao processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR).

Falando durante a conferência nacional da Associação dos Combatentes da Luta pela Democracia (ACOLDE), realizada em Maputo, Momade exigiu provas concretas das alegações, rejeitando qualquer traição aos ideais do líder histórico do partido, Afonso Dhlakama.

"Vale aqui dizer que Ossufo Momade nunca recebeu nenhum dinheiro destinado aos desmobilizados. Por isso desafiamos os acusadores a trazer provas para o benefício de toda a sociedade moçambicana", comentou Momade em declarações aos jornalistas.

O líder político sublinhou também que não é nem ele, nem a RENAMO "quem define e paga as pensões" reivindicadas pelos ex-guerrilheiros do partido, mas sim o Estado moçambicano.

Moçambique: "O diálogo é a única forma de trazer a paz"

Momade disse que as pensões para os antigos guerrilheiros foram "conquistas inéditas", que não constavam do acordo inicial de paz.

'A culpa é do Governo'

Para o presidente da RENAMO, a raiz dos problemas atuais está no Governo moçambicano e na comunidade internacional, que, segundo Momade, não têm cumprido o acordo de DDR.

"Não estamos a ter os resultados das promessas da comunidade internacional, que era representada nas negociações pelo embaixador Mirko Manzoni", lamentou.

Apesar da contestação interna a Momade e das recentes ocupações de sedes partidárias por antigos combatentes descontentes, o presidente da RENAMO garantiu que a formação política permanece coesa, comprometida com a paz e aberta ao diálogo.

Domingos Gundana, representante da ACOLDE, aproveitou a conferência desta quarta-feira para criticar os ex-guerrilheiros que têm liderado a onda de contestação interna.

"Alguns irmãos continuam a escamotear a disciplina partidária que outrora aprendemos nas fileiras militares em nome das liberdades individuais, o que desvirtua a nossa luta e a forma de estar e ser de um combatente da RENAMO", disse Gundana.

João Machava, líder do grupo de ex-guerrilheiros da RENAMO descontentes
João Machava à DW: "Nós vamos continuar a lutar até ao último suspiro. Nós vamos continuar a lutar até às últimas consequências"Foto: DW/A. Sebastião

O grupo de ex-guerrilheiros descontentes com a liderança de Momade denunciou, no entanto, que foi excluído da conferência da ACOLDE.

Em declarações à DW, João Machava, líder do grupo, revelou inclusive que terão participado no encontro ex-combatentes da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), supostamente para tentar legitimar, por imposição, a liderança de Ossufo Momade.

João Machava prometeu, contudo, que os ex-combatentes da RENAMO lutarão "até às últimas consequências" contra a direção do partido.

Silaide Mutemba Correspondente da DW África em Maputo