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ONU reduz missão de paz na República Democrática do Congo

1 de abril de 2017

O Conselho de Segurança deu luz verde à retirada de 3 mil tropas da maior operação de manutenção de paz da ONU, numa altura em que o país está mergulhado na incerteza política. Angola movimentou tropas na fronteira.

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Demokratische republik Kongo UN Friedensmission Monusco
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

O Conselho de Segurança da ONU decidiu esta sexta-feira (31.03) renovar por um ano o mandato da MONUSCO, mas o número de capaceteces azuis na missão na República Democrática do Congo (RDC), a maior operação de manutenção da paz das Nações Unidas, foi reduzido.

Por unanimidade, os 15 países do Conselho de Segurança decidiram diminuir a operação, estabelecendo um máximo de 16.215 militares, contra o limite de 19.815 em vigor até agora.

Além do número de soldados, a resolução reduz também ligeiramente o máximo de observadores militares, de 760 para 660, e mantém sem mudanças o número de mais de mil agentes da polícia permitidos atualmente.

A resolução que renova o mandato da MONUSCO centra-se em duas prioridades: a protecção de civis e a implementação do Acordo Político Global de 31 de dezembro de 2016.

A ONU tem estado a aumentar a pressão sobre o Presidente Joseph Kabila – cujo mandato terminou a 20 de dezembro – para que o chefe de Estado respeite o acordo firmado com a oposição para a partilha do poder durante a transição política. Kabila ainda não deixou claro se vai ou não candidatar-se a um terceiro mandato.

Acordo permite redução menor

Kongo Präsident Joseph Kabila
Presidente da RDC, Joseph KabilaFoto: picture alliance/AP Images/J. Bompengo

A redução aprovada esta sexta-feira é fruto de um acordo entre países que, como os Estados Unidos, pretendiam um corte significativo na missão e outros, liderados pela França, que consideravam que este ano não era o adequado para reduzir a capacidade da MONUSCO.

A RDC deve realizar eleições até ao final do ano para tentar acabar com a crise política e as Nações Unidas acreditam que o apoio dos capacetes azuis ao processo é fundamental. A missão da ONU está no terreno desde 1999 para contribuir para a estabilização do país, mergulhado num frágil processo de paz desde a segunda guerra do Congo (1998-2003).

O mais recente debate sobre a MONUSCO surge numa altura em que se multiplicam os pedidos dos Estados Unidos para rever o funcionamento e custos das missões de paz da ONU. Washington é o principal contribuinte financeiro dessas operações e atualmente contribui com mais de 28% de seu orçamento, um número que a administração de Donald Trump quer diminuir para um máximo de 25%.

A MONUSCO é a operação mais cara das 16 que a organização tem em curso, com um orçamento de mais de 1,2 mil milhões de dólares para o corrente ano.

RDC a braços com a violência

DR Kongo MONUSCO Mission
Soldado da MONUSCOFoto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

Durante a reunião desta sexta-feira, o Conselho de Segurança respeitou um minuto de silêncio em memória de dois especialistas da ONU que foram encontrados mortos esta semana na RDC, a sueca de origem chilena Zaida Catalán e o norte-americano Michael Sharp.

Os dois investigadores foram encontrados mortos na segunda-feira (27.03), na região de Kasai. Integravam uma equipa que investigava violações dos direitos humanos na província. Quatro cidadãos congoleses que acompanhavam o grupo continuam desaparecidos. O Governo congolês anunciou a abertura de uma investigação na região onde os militantes do grupo Kamuina Nsapu intensificaram as ações violentas, após as tropas do Governo terem abatido o seu líder, que não reconhecia as autoridades de Kinshasa nos territórios que controlava.

A milícia é suspeita de estar por trás do sequestro e assassinato dos dois funcionários das Nações Unidas e da morte de 39 polícias no fim-de-semana.

Perante este cenário, o Tribunal Penal Internacional (TPI) – que investiga crimes de guerra na RDC desde 2004 – opõe-se à redução do número de efetivos da MONUSCO. Segundo Fatou Bensouda, procuradora do TPI, os recentes episódios de violência no país podem constituir crimes de guerra. Bensouda lançou o apelo a todas as partes para que evitem recorrer à violência, pedindo ao Governo congolês justiça para os responsáveis.

A decisão da ONU também não é vista com bons olhos por muitos congoleses, especialmente nas regiões onde a situação de segurança é atualmente instável.

Angola movimenta tropas na fronteira

Symbolbild - Soldaten aus Angola
Foto de arquivo: soldados angolanos na cerimónia dos 50 anos de independência do Congo-Brazzaville, em 2010Foto: Getty Images

Entretanto, Angola movimentou algumas unidades militares junto à fronteira com a República Democrática do Congo, no município do Chicapa, província angolana da Lunda Sul, onde se têm registado nos últimos dias ataques de milícias congolesas a postos fronteiriços.  

Segundo informação do comandante do exército, general Marques Correia Mbanza, as autoridades angolanas estão a acompanhar com muita atenção a situação, que "está sob controlo”. As autoridades angolanas criaram uma comissão multissetorial que está a trabalhar, informou ainda Marques Correia Mbanza, salientando que as milícias têm estado a desenvolver ações contra os postos das autoridades congolesas.

Seghundo Marques Correia Mbanza, as autoridades congolesas movimentaram igualmente unidades para a região de Chicapa, para desenvolverem ações ao longo da fronteira e garantirem estabilidade ao longo da fronteira comum.

A vizinha República Democrática do Congo tem registado nos últimos dias ataques de milícias a postos fronteiriços, o que tem causado igualmente uma vaga de refugiados, acolhidos por Angola, num número superior a 300 pessoas, na sua maioria crianças, que se encontram deste o início de março, na província angolana da Lunda Norte. O Governo angolano criou uma comissão multissetorial para garantir assistência logística aos refugiados congoleses, provenientes da região congolesa do Kassai Central.

EFE Agência de notícias
Reuters Agência de notícias
Lusa Agência de notícias
AFP Agência de notícias
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