ONU alerta para o aumento da fome em África
31 de julho de 2025O número de pessoas que passam fome em todo o mundo diminuiu pelo terceiro ano consecutivo em 2024. Mas a África contraria essa tendência positiva:
O número de pessoas que passam fome em todo o mundo diminuiu pelo terceiro ano consecutivo em 2024. No entanto, África contraria essa tendência positiva. Conflitos, alterações climáticas e crises económicass estão a aumentar a fome e a desnutrição.
Um relatório das Nações Unidas divulgado esta semana, projeta que, até 2030, o continente será responsável por quase 60% da população mundial em situação de fome.
Segundo o documento, uma em cada cinco pessoas em África sofria de desnutrição crónica em 2024, o que equivale a cerca de 307 milhões de pessoas.
À DW, Álvaro Lario, presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), justifica que "a insegurança alimentar aguda, ou insegurança alimentar extrema, é causada por conflitos, e temos tido o maior número de conflitos na última década."
Os conflitos em países como o Sudão e a República Democrática do Congo (RDC) levaram as pessoas a situações extremas.
Impactos dos conflitos
Esta semana na Cimeira das Nações Unidas sobre Sistemas Alimentares, realizada na Etiópia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para os impactos dos conflitos.
"Os conflitos continuam a provocar fome desde Gaza até ao Sudão. A fome alimenta ainda mais a instabilidade e compromete a paz. Nunca devemos aceitar a fome como arma de guerra", alertou.
Alguns países africanos têm sido prejudicados pelo excesso de dívida, que os especialistas descrevem como um obstáculo aos gastos públicos com alimentos.
"Estão a pagar juros muito elevados sobre as suas dívidas. E o pagamento desses juros está a absorver entre 10 a 25% das despesas públicas. Portanto, isso está claramente a desviar grande parte do investimento potencial."
Aumento nos preços dos alimentos
O relatório da ONU indica que a percentagem de pessoas que não consegue ter uma dieta saudável diminuiu significativamente, por exemplo, na Ásia, América Latina e Europa. Mas, em contrapartida, aumentou em África, passando de 64,1% em 2019 para 66,6% em 2024.
Em alguns países, como a Nigéria, os aumentos mais acentuados nos preços dos alimentos ocorreram nos produtos essenciais, que constituem a base da alimentação das famílias mais pobres, e esses aumentos podem comprometer a segurança alimentar e a nutrição.
Organizações de segurança alimentar apelam à vontade política, ao financiamento público e a planos de desenvolvimento para alcançar a autossuficiência alimentar.