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O que esperar do novo comandante da polícia em Moçambique?

28 de janeiro de 2025

Com um histórico controverso, Joaquim Sive enfrenta o desafio de resgatar a confiança na polícia e abordar os problemas estruturais da instituição.

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Joaquim Sive
Joaquim Sive foi hoje empossado como comandante-geral PRMFoto: DW/S. Lutxeque

Joaquim Sive foi hoje empossado como comandante-geral da Polícia de Moçambique. É um quadro já manchado da instituição, por exemplo, foi suspenso da liderança em Nampula, em 2019, quando cerca de 10 pessoas morreram durante um comício da FRELIMO, devido a uma sobrelotação.

Durante a cerimónia de investidura, o Presidente Daniel Chapo defendeu a sua escolha:

"A sua escolha não é um mero acaso, resulta de uma reflexão profunda, que visa responder ao clamor do Povo, o qual tanto precisa da presença policial, cuja confiança deve ser resgatada."

A mudança de liderança da policia veio trazer um sinal de esperança e alivio para grande parte da população, é que o antecessor, Bernardino Rafael, tería abusado desnecessariamente da violência policial contra cidadãos, como também se suspeita que tenha ordenado o uso de metodos pouco ortodoxos para tentar conter a revolta popular na sequência dafraude eleitoral.

"Penso que o novo comandante tem a oportunidade de quebrar o ciclo de Bernardino Rafael de governação e sob o ponto de vista dos direitos humanos. Está a iniciar um processo novo com um Presidente novo, então pode haver uma ruptura".

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Garantia de melhorias?

Apesar da forte contestação da liderança de Rafael, Daniel Chapo insitiu em exaltar o ex-comandante, afirmando que "cumpriu com zelo e dedicação a missão que a Nação lhe confiou". A par disso, é de entendimento comum que a mudança da liderança da polícia não é garantia de melhorias. A instituição vista como um cancro, requer reformas estruturais, sublinha o investigador Rufino Sitoi:

"Os problemas da PRM são maiores do que qualquer comandante. Parece-me que dentro da PRM há grupos de interesses muito fortes que nos dão a entender que estão por detrás dos sequestros, tráfico de drogas e outros problemas."

Os cidadãos defendiam que a demissão de Rafael deveria ter sido a primeira mexida de Chapo. Ainda assim, não tardou em acontecer. Com esta medida poderá Chapo  conquistar confiança de um eleitorado que não o reconhece como PR?

"Penso que que pode ser um sinal, mas há muito mais coisas por detrás disso, não se trata só da substituição. Mesmo com o atual comandante ainda temos casos de desaparecimento de opositores políctico  como é o caso taxista do Podemos que desapareceu e voltou a aparecer hoje. E há situações continuas de violações dos direitos humanso que se seguiram logo a tomada de posse."

Bernardino Rafael, agora na reserva, foi celebrado pela sua saída, mas surge a questão: será ele responsabilizado pelos crimes que lhe são atribuídos? Segundo Sitoi, a criação de um comité de verificação das ações da Polícia pode ser um passo importante, mas apenas se gerar efetivas responsabilizações.

"Se esse mecanismo criar responsabilizações, será um sinal de ruptura e condenação a tudo de mal que se fez nesse mandato."

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Jornalista da DW Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África