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Número de novas vagas para polícia é "muito pouco"

15 de agosto de 2025

PRM anunciou esta semana que vai formar 4.000 agentes a partir de janeiro. Um número que a Associação Moçambicana de Polícias (Amopaip) considera "muito pouco" face às necessidades do país.

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Mosambik Maputo | Proteste gegen Regierung
Foto: ALFREDO ZUNIGA/AFP

"Em Moçambique não se pode parar anualmente a formação, temos polícias que já cumpriram as suas obrigações e outros que estão a morrer por vários motivos", afirmou o presidente da Amopaip, Nazário Muanambane, em declarações à Lusa.

Em causa está o anúncio de formação de 4.000 agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) a partir de 2026, conforme edital do concurso lançado pelo comando-geral da corporação, noticiado pela Lusa esta semana, com a corporação a garantir que as vagas "não estão" à venda.

Para o presidente da associação de polícias, o número a formar é insuficiente para o país, tendo em conta que parte dos agentes da corporação moçambicana já cumpriu 35 a 40 anos de serviço e "precisa ir para casa descansar", havendo outros que estão afastados devido a doenças crónicas, além dos assassinados em exercício e não só.

"Todos os dias estamos a perder os agentes da PRM"

"Está claro que nós, no seio da polícia, não só em Moçambique, nas forças de segurança, todos os dias estamos a perder os agentes da PRM. Perdemos por crime organizado, por assassinato, por doença (...) outros agentes são expulsos da corporação, todos os meses e anos", acrescentou.

Nazário Muanambane criticou também a suspensão, por três anos, da formação básica de novos agentes da polícia moçambicana, anunciada em maio de 2023 pelo então comandante-geral, Bernardino Rafael, para privilegiar o investimento em infraestruturas.

Polícia Moçambique, 2025
Nazário Muanambane: "Estamos a perder os agentes da PRM. Perdemos por crime organizado, por assassinato, por doença (...) outros agentes são expulsos da corporação, todos os meses e anos"Foto: Jaime Álvaro/DW

Na altura, Rafael referiu que o país dispunha de polícias em número "razoável para garantir a segurança dos moçambicanos nos próximos dez anos".

Muanambane considerou hoje "contraditória" essa decisão, num país em que se regista "falta de efetivo policial" nas zonas rurais, considerando, por isso, que Moçambique "não pode parar" formação de novos agentes.

"Nas localidades e postos administrativos só encontramos um a dois polícias. Então, só se faz sentir polícias dentro das cidades, mas a população não está só nas cidades, tem de pensar que no campo precisamos da segurança (...). Era absurdo o que o Bernardino dizia de que nós não precisamos de mais efetivo e temos mais que suficiente", disse o responsável.

Na quarta-feira, o porta-voz do comando-geral da PRM, Leonel Muchina, apelou aos candidatos que cumpram os "critérios e vias legais" do processo anunciado no edital do concurso de recrutamento, e que se "distanciem de todos os atos que muitas vezes propiciam corrupção e burlas".

"As vagas para Matalana [escola da PRM] não estão à venda. As pessoas que se envolverem em atos de corrupção ou burla serão rigorosamente responsabilizadas e o comando-geral da PRM distancia-se de todos os atos contrários à lei", disse Muchina, garantindo que serão disponibilizados canais de denúncia de casos de corrupção, como já aconteceram em processos anteriores.

De acordo com o edital, a inscrição para o recrutamento do 44.º Curso Básico de Formação de Guardas vai decorrer de 18 de agosto a 30 de setembro e a formação terá a duração de nove meses, a decorrer na Escola Prática de Polícia em Matalana, na província de Maputo, a partir de 05 de janeiro próximo.

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Lusa Agência de notícias