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Novas detenções em Angola: Quem será o próximo?

Manuel Luamba em Luanda
12 de agosto de 2025

Mais três líderes de associações de táxis em Angola foram detidos pelo Serviço de Investigação Criminal depois dos protestos e tumultos contra o aumento dos preços dos combustíveis.

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Protesto em Angola a 12 de julho de 2025
Tumultos em Angola, no final de julho, resultaram em 30 mortos e mais de 200 feridosFoto: Julio Pacheco Ntela/AFP

Quem será o próximo? É a pergunta que paira na sociedade angolana. 

Depois da detenção do presidente e do vice-presidente da Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA), Francisco Paciente e Rodrigo Catimba, as forças de segurança anunciaram as detenções de mais três líderes associativos

Trata-se de Francisco Eduardo, presidente da Associação dos Taxistas de Angola (ATA), Rafael Ginga Inácio, líder da Cooperativa de Táxis Comunitários de Angola (CTCA) e António Alexandre Freitas, responsável da Cooperativa dos Taxistas e Motociclistas Freitas (CTMF).

São acusados de associação criminosa, incitação à violência, atentado contra a segurança nos transportes e terrorismo, "consubstanciados em fortes indícios do seu envolvimento na promoção de atos de vandalismo e arruaça de bens e serviços públicos e privados protagonizados no final de julho do corrente ano", detalhou Manuel Halaiwa, porta-voz do Serviço de Investigação Criminal.

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Para o SIC, a detenção destes cidadãos decorre de uma investigação que determinou a sua participação e de outros sujeitos nos tumultos contra o aumento dos preços dos combustíveis. Manuel Halaiwa diz que as diligências prosseguem. 

Assim, questiona-se em Angola: Quem será o próximo? 

Acusações de associação criminosa e terrorismo

Não são apenas cidadãos ligados aos transportes de táxis que estão a ser detidos. 

Um jornalista da Televisão Pública de Angola (TPA), um militante da UNITA e dois cidadãos de nacionalidade russa também foram detidos, nos últimos dias, sob a acusação de associação criminosa, terrorismo, financiamento ao terrorismo e falsificação de documentos.

Serra Bango, presidente da Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD), diz que tudo indica que as detenções vão prosseguir: "Agora também já fazem parte do rol de detidos cidadãos de outras nacionalidades e todos eles a pretexto de fazerem parte de grupos terroristas", afirma em declarações à DW África.

"Por essa altura, qualquer cidadão que se manifeste, que proteste, que consiga mobilizar outros cidadãos para apresentar a sua insatisfação poderá ser considerado como terrorista, como agitador, como criador de factos que atentam contra a segurança do Estado", acrescentou.

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Durante os protestos e tumultos do final de julho, mais de 1.500 cidadãos foram detidos.

Mas Serra Bango aponta que o que está a acontecer agora segue uma lógica completamente diferente.

"O que vemos agora é a detenção de forma silenciosa, minuciosa e pessoal dos vários elementos que constituem as direções das associações", comenta.

A 1 de agosto, o Presidente da República, João Lourenço, declarou que os responsáveis pelos tumultos saíram "derrotados". Garantiu ainda que o Estado aprendeu com os acontecimentos de julho, de forma a "medidas preventivas" e melhorar a capacidade de resposta "em caso de reincidência".

Manuel Luamba Correspondente da DW África em Angola