Nigéria: Afetados por inundações desesperados por ajuda
3 de junho de 2025As cheias que atingiram o centro da Nigéria, na semana passada, deixaram milhares de pessoas desalojadas. Os dados mais recentes das autoridades dão conta que perderam a vida pelo menos 200 pessoas e mais de quinhentas estão ainda desaparecidas.
Em Mokwa, a zona mais atingida - e que fica a quase 380 quilómetros da capital Abuja - a ajuda não está a chegar com a rapidez necessária, diz à DW, Abubakar Hussaini, da agência humanitária Humanity First.
"Muitas pessoas não têm o que comer. Não há comida. Algumas pessoas estão apenas a vaguear. Outras nem sequer têm roupa. As pessoas estão à procura de assistência, um local onde possam encontrar abrigo, roupa e comida,” descreve Hussaini.
Lentidão da ajuda
O mesmo cenário é relatado por Aishatu Bello, que perdeu tudo nas cheias. À DW, esta professora reformada diz-se desapontada com a lentidão com que a ajuda está a chegar.
"A situação atual é de fome. Não temos casa para dormir. Estamos a ocupar a casa do vizinho. Estamos desalojados. Precisamos da ajuda do Governo," apela.
Os relatos no terreno contrastam com as garantias dadas pelo Presidente nigeriano logo no sábado (31.05). Em declarações, na rede social X, Bola Tinubu disse que a ajuda havia sido libertada "sem demora".
No dia seguinte, domingo (01.06), a Agência Nacional de Gestão de Emergências (NEMA) anunciou que tinha começado a distribuir pacotes de ajuda às pessoas afetadas.
A população começa a desesperar. Tanko Bala é o líder da comunidade Hausa de Mokwa.
"O nosso povo está em perigo; precisam da ajuda do Governo. Perdemos quase 266 casas, mais de 250 pessoas. Só 150 corpos foram recuperados. E, até agora, nada veio do Governo," lamenta.
Piores inundações em 60 anos
Estas são já consideradas as piores inundações da região em 60 anos. O chefe municipal de Mokwa, Muhammadu Aliyu, diz que a prioridade, neste momento, é a remoção dos corpos para evitar a propagação de doenças.
Uma preocupação também apontada pelo trabalhador humanitário Abubakar Hussaini.
"Alguns corpos ainda não foram encontrados. As buscas continuam. Portanto, agora o medo é o de um surto de doenças," acrescenta.
Os relatórios iniciais indicavam que as cheias em Mokwa haviam sido agravadas pelo colapso de uma barragem numa cidade próxima. Entretanto, as autoridades afastaram este cenário, afirmando que as consequências das inundações se devem à erosão nas zonas afetadas.