Nigéria aposta em programa de desradicalização no noroeste
10 de março de 2025A "Operação Corredor Seguro" também tem sido usada para desradicalizar antigos combatentes do Boko Haram no nordeste da Nigéria. Segundo as autoridades nigerianas, o programa tem sido fundamental na luta contra a insurgência na região.
Agora, com a expansão prevista para noroeste, surgem questões sobre a eficácia do programa. "A desradicalização é um programa que deve ser organizado para pessoas que têm opiniões extremas ou ideológicas. Os bandidos não têm uma visão ideológica ou extremista. Trata-se, em grande parte, de uma atividade criminosa", explica Oluwole Ojewale, analista do Instituto de Estudos de Segurança, com sede em Dakar.
Os bandidos são movidos, em grande parte, por incentivos financeiros, como o pagamento de resgates pós sequestro, roubo de gado e exploração mineira ilegal, e não por ideologia.
"Por isso, só nos resta esperar para ver como é que o Governo quer fazer isso, mas não se podem dar ao luxo de copiar e colar o que fizeram na parte nordeste e replicar no noroeste da Nigéria. Porque as particularidades são diferentes e a questão é diferente", diz o analista.
Poderá a operação repetir o êxito?
A "Operação Corredor Seguro" assenta em cinco pilares: desarmamento, desmobilização, desradicalização, reabilitação e reintegração.
Críticos afirmam que o programa está centrado nos criminosos e corre o risco de ser visto como um sistema de recompensa para os terroristas.
Mas Dengiyefa Angalapu, investigador na área do contraterrorismo e da construção da paz, considera que esse argumento é redutor. À DW, defende que a iniciativa pode ser implementada no noroeste, já que há múltiplos atores na região, incluindo grupos terroristas ideológicos, que muitas vezes são generalizados sob o slogan do "banditismo".
Queixas profundamente enraizadas entre os pastores levam alguns a pegar em armas e tornam a iniciativa adequada para a região, acrescenta: "Trata-se de uma ideologia que precisa de ser combatida através de estratégias não cinéticas. Através da contra-narrativa que o corredor seguro oficial é o mais adequado para lidar com isso."
"A estratégia cinética, por si só, não pode conduzir a um declínio do terrorismo e a iniciativa deve ser alargada a outras partes do país para criar um quadro nacional de combate à insurgência", diz Angalapu.