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ConflitosIsrael

Israel: Netanyahu anuncia ofensiva iminente sobre Gaza

cm | AP
11 de agosto de 2025

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou este domingo que Israel lançará em breve uma ofensiva sobre a cidade de Gaza e campos de refugiados, considerados bastiões do Hamas.

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Israel Jerusalém 2025 | Benjamin Netanyahu numa conferência de imprensa no gabinete do primeiro-ministro
Netanyahu anuncia ofensiva iminente sobre Gaza e apresenta plano em cinco pontosFoto: Abir Sultan/AP Photo/picture alliance

Netanyahu sublinhou que o plano "não visa ocupar Gaza, mas desmilitarizar o território", afirmando que o objetivo é "libertar Gaza dos terroristas do Hamas". O chefe do Governo israelita acrescentou que "a guerra pode terminar amanhã, se o Hamas depuser as armas e libertar todos os reféns".

O plano apresentado por Netanyahu assenta em cinco pontos principais:

  1. Desarmar o Hamas;
  2. Libertar todos os reféns;
  3. Desmilitarizar Gaza;
  4. Garantir o controlo de segurança por parte de Israel;
  5. Estabelecer uma administração civil pacífica e não israelita.
Israel Jerusalém 2025 | Benjamin Netanyahu em conferência de imprensa sobre a política de Gaza
Foto: Abir Sultan/AFP

Segundo o primeiro-ministro, a operação será conduzida de forma a permitir que a população civil abandone, em segurança, as zonas de combate, sendo encaminhada para áreas seguras designadas, onde receberá alimentação, água e cuidados médicos.

Netanyahu rejeitou as críticas internacionais, afirmando que "a política de Israel tem sido evitar uma crise humanitária, ao contrário do Hamas, que procura provocá-la".

Apesar da crescente contestação interna e internacional à guerra, que já dura há 22 meses, Netanyahu garantiu que o Gabinete de Segurança instruiu o desmantelamento dos redutos do Hamas não apenas na cidade de Gaza, mas também nos chamados "campos centrais" e em Muwasi. Fontes próximas da operação confirmaram que estas áreas, que acolhem mais de meio milhão de deslocados segundo dados da ONU, serão alvo da ofensiva.

O anúncio surge após críticas dentro da coligação governamental israelita, que considerava insuficiente atacar apenas a cidade de Gaza. Netanyahu assegurou que serão criadas "zonas seguras" para a população civil, embora áreas anteriormente designadas como tal tenham sido bombardeadas no passado.

Jornalista morto

No final do dia, foram reportados intensos bombardeamentos na cidade de Gaza. A emissora Al Jazeera anunciou a morte do seu correspondente, Anas al-Sharif, num ataque que atingiu uma tenda de jornalistas junto ao Hospital Shifa. Outros três jornalistas e um motorista também perderam a vida. As forças armadas israelitas confirmaram o incidente, alegando que al-Sharif se fazia passar por jornalista e tinha ligações ao Hamas — acusações que o jornalista sempre negou. O Comité para a Proteção dos Jornalistas manifestou preocupação com a segurança de al-Sharif e denunciou uma campanha de difamação contra ele.

Durante a conferência de imprensa, Netanyahu reiterou que o plano israelita não visa ocupar Gaza, mas sim libertar o território do controlo do Hamas. Os objetivos incluem a desmilitarização da Faixa de Gaza, o controlo de segurança por parte de Israel e a implementação de uma administração civil não israelita.

O primeiro-ministro afirmou ainda que Israel pretende aumentar os pontos de distribuição de ajuda humanitária, negando a existência de uma crise de fome. "Não havia escassez e certamente não havia uma política de fome", declarou.

Netanyahu revelou que falou com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agradecendo-lhe o "apoio incondicional" ao plano israelita. Os Estados Unidos, que têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, defenderam o direito de Israel à sua segurança e rejeitaram as acusações de genocídio em Gaza.

Israel Jerusalém 2024 | Encontro entre Friedrich Merz e Benjamin Netanyahu
Israel enfrenta também críticas crescentes por parte de aliados históricosFoto: Kobi Gideon/GPO/dpa/picture alliance

 Merz  "cedeu à pressão"

O plano tem sido alvo de fortes críticas por parte das Nações Unidas, de países da região e de aliados históricos de Israel, como a Alemanha. Durante a conferência de imprensa, Netanyahu referiu-se ao chanceler alemão, Friedrich Merz, dizendo que "tem sido um bom amigo de Israel", mas que "cedeu à pressão" ao suspender parcialmente as exportações de equipamento militar para Telavive.

Em resposta, Merz afirmou que o apoio da Alemanha a Israel permanece firme, mas sublinhou que "não é possível fornecer armas num conflito que se tenta resolver exclusivamente por meios militares, com risco de centenas de milhares de vítimas civis e que exige a evacuação de toda a cidade de Gaza".

Entretanto, o grupo Hamas reagiu às declarações de Netanyahu, acusando o primeiro-ministro israelita de "propagar uma série de mentiras" sobre Gaza.

Este domingo, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu-se de emergência para discutir o plano israelita. O embaixador palestiniano acusou Israel de prolongar o conflito "não para desarmar o Hamas, mas para impedir a criação de um Estado palestiniano independente".

A China classificou como "inaceitável" a punição colectiva da população de Gaza, enquanto a Rússia alertou para uma "intensificação imprudente das hostilidades". Ramesh Rajasingham, do gabinete humanitário da ONU, afirmou que "isto já não é uma crise de fome iminente; isto é fome".

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AP Agência de notícias
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