Israel: Netanyahu anuncia ofensiva iminente sobre Gaza
11 de agosto de 2025Netanyahu sublinhou que o plano "não visa ocupar Gaza, mas desmilitarizar o território", afirmando que o objetivo é "libertar Gaza dos terroristas do Hamas". O chefe do Governo israelita acrescentou que "a guerra pode terminar amanhã, se o Hamas depuser as armas e libertar todos os reféns".
O plano apresentado por Netanyahu assenta em cinco pontos principais:
- Desarmar o Hamas;
- Libertar todos os reféns;
- Desmilitarizar Gaza;
- Garantir o controlo de segurança por parte de Israel;
- Estabelecer uma administração civil pacífica e não israelita.
Segundo o primeiro-ministro, a operação será conduzida de forma a permitir que a população civil abandone, em segurança, as zonas de combate, sendo encaminhada para áreas seguras designadas, onde receberá alimentação, água e cuidados médicos.
Netanyahu rejeitou as críticas internacionais, afirmando que "a política de Israel tem sido evitar uma crise humanitária, ao contrário do Hamas, que procura provocá-la".
Apesar da crescente contestação interna e internacional à guerra, que já dura há 22 meses, Netanyahu garantiu que o Gabinete de Segurança instruiu o desmantelamento dos redutos do Hamas não apenas na cidade de Gaza, mas também nos chamados "campos centrais" e em Muwasi. Fontes próximas da operação confirmaram que estas áreas, que acolhem mais de meio milhão de deslocados segundo dados da ONU, serão alvo da ofensiva.
O anúncio surge após críticas dentro da coligação governamental israelita, que considerava insuficiente atacar apenas a cidade de Gaza. Netanyahu assegurou que serão criadas "zonas seguras" para a população civil, embora áreas anteriormente designadas como tal tenham sido bombardeadas no passado.
Jornalista morto
No final do dia, foram reportados intensos bombardeamentos na cidade de Gaza. A emissora Al Jazeera anunciou a morte do seu correspondente, Anas al-Sharif, num ataque que atingiu uma tenda de jornalistas junto ao Hospital Shifa. Outros três jornalistas e um motorista também perderam a vida. As forças armadas israelitas confirmaram o incidente, alegando que al-Sharif se fazia passar por jornalista e tinha ligações ao Hamas — acusações que o jornalista sempre negou. O Comité para a Proteção dos Jornalistas manifestou preocupação com a segurança de al-Sharif e denunciou uma campanha de difamação contra ele.
Durante a conferência de imprensa, Netanyahu reiterou que o plano israelita não visa ocupar Gaza, mas sim libertar o território do controlo do Hamas. Os objetivos incluem a desmilitarização da Faixa de Gaza, o controlo de segurança por parte de Israel e a implementação de uma administração civil não israelita.
O primeiro-ministro afirmou ainda que Israel pretende aumentar os pontos de distribuição de ajuda humanitária, negando a existência de uma crise de fome. "Não havia escassez e certamente não havia uma política de fome", declarou.
Netanyahu revelou que falou com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agradecendo-lhe o "apoio incondicional" ao plano israelita. Os Estados Unidos, que têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, defenderam o direito de Israel à sua segurança e rejeitaram as acusações de genocídio em Gaza.
Merz "cedeu à pressão"
O plano tem sido alvo de fortes críticas por parte das Nações Unidas, de países da região e de aliados históricos de Israel, como a Alemanha. Durante a conferência de imprensa, Netanyahu referiu-se ao chanceler alemão, Friedrich Merz, dizendo que "tem sido um bom amigo de Israel", mas que "cedeu à pressão" ao suspender parcialmente as exportações de equipamento militar para Telavive.
Em resposta, Merz afirmou que o apoio da Alemanha a Israel permanece firme, mas sublinhou que "não é possível fornecer armas num conflito que se tenta resolver exclusivamente por meios militares, com risco de centenas de milhares de vítimas civis e que exige a evacuação de toda a cidade de Gaza".
Entretanto, o grupo Hamas reagiu às declarações de Netanyahu, acusando o primeiro-ministro israelita de "propagar uma série de mentiras" sobre Gaza.
Este domingo, o Conselho de Segurança das Nações Unidas reuniu-se de emergência para discutir o plano israelita. O embaixador palestiniano acusou Israel de prolongar o conflito "não para desarmar o Hamas, mas para impedir a criação de um Estado palestiniano independente".
A China classificou como "inaceitável" a punição colectiva da população de Gaza, enquanto a Rússia alertou para uma "intensificação imprudente das hostilidades". Ramesh Rajasingham, do gabinete humanitário da ONU, afirmou que "isto já não é uma crise de fome iminente; isto é fome".