Muçulmanos denunciam proibição do uso do véu islâmico
8 de agosto de 2025A religião islâmica é maioritariamente professada no norte de Moçambique, principalmente na província de Nampula, a mais populosa do país. E nesta província, vários cidadãos muçulmanos dizem estar desapontados com instituições públicas que, nos últimos tempos, intensificaram a pressão contra o uso de hijab, o véu islâmico, por mulheres muçulmanas.
Muazina Abdala, uma cidadã professante da religião muçulmana, diz que sente-se estigmatizada.
"Eu nunca fui impedida de entrar com hijab nos setores públicos, mas quando entramos com hijab, o olhar das pessoas é desconfiado. Como mulheres muçulmanas isso nos deixa desconfortáveis", lamentou.
O delegado provincial do Conselho Islâmico de Moçambique em Nampula, Abdul Magid, condena a situação. Segundo diz, não se trata apenas de estigmatização. Sublinha que também há casos de proibição explícita.
"Ainda persistem proibições e resistências em algumas escolas e serviços públicos. Isso fere profundamente a liberdade religiosa, garantida pela Constituição [da República], e priva muitas jovens dos seus direitos de educação e identidade", denuncia.
Os cidadãos muçulmanos pedem ao Governo provincial uma solução para o problema.
O governador de Nampula, Eduardo Abdula, admite ter conhecimento da situação — não só em escolas, mas também em relação à captação de fotografias para o bilhete de identidade. Ainda assim, remete a responsabilidade ao Governo central.
"Quanto à questão específica da fotografia com hijab, no bilhete de identidade, importa reconhecer que a decisão final cabe às autoridades centrais competentes. No entanto, exorto os serviços [de identificação civil] a liderarem com esta matéria com o máximo de respeito e equilíbrio. Encorajo, por outro lado, os líderes religiosos e a comunidade muçulmana a constituírem uma comissão representativa que, de forma serena e fundamentada na lei, possa dialogar com o governo central sobre esta matéria”, apela.
Esta não é a primeira vez que cidadãos muçulmanos denunciam a proibição do uso do véu islâmico em instituições públicas moçambicanas, principalmente na província nortenha de Nampula.