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Nampula: Mogincual ainda luta por apoio 4 meses após ciclone

14 de julho de 2025

Quatro meses após o ciclone Jude, famílias em Mogincual continuam a lutar para reconstruir as suas vidas. A ajuda chega, mas é insuficiente para responder a todas as necessidades.

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Mogincual luta para se reerguer após o ciclone Jude
Para mitigar a fome, a Associação Social de Apoio Comunitário (ASAC) fornece cestas básicas às vítimas em MogincualFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Quatro meses depois da passagem do ciclone Jude pelo norte de Moçambique, a população de Mogincual, na província de Nampula, continua a lidar com os efeitos da destruição. O Governo e várias organizações não-governamentais prestam apoio humanitário às vítimas, mas apelam a um reforço da ajuda, tendo em conta a persistência das necessidades no terreno.

O ciclone Jude atingiu Nampula no dia 10 de março, provocando danos significativos em habitações, terrenos agrícolas e infraestruturas públicas e privadas. Em Mogincual, um dos distritos mais afetados, os sinais de destruição permanecem visíveis, com muitas famílias ainda sem condições para retomar as suas atividades habituais.

Mussa Arlindo, chefe de família, perdeu a sua padaria e a machamba, e tem tentado reconstruir o seu pequeno negócio com o apoio das autoridades e de organizações parceiras.

"Na machamba não sobrou nada. Graças ao apoio que recebo permite-me alimentar a família. Gostaria que a ajuda se estendesse para ajudar-me em lonas para melhorar o teto da casa que sofre sempre que chove”, explicou.

Mogincual luta para se reerguer após o ciclone Jude
O ciclone também afetou os sistemas de fornecimento de água, que estão agora a ser recuperados pelo Governo e parceirosFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Também Maria João, viúva e responsável por cinco crianças, enfrenta dificuldades desde que a sua casa ficou parcialmente destruída. A sobrevivência da família depende da assistência alimentar prestada pela Associação Social de Apoio Comunitário (ASAC).

"Recebi arroz, farinha de milho, feijão e óleo de cozinha. Mas preciso de panelas para que consiga preparar os alimentos uma vez que o que tinha foi destruído pelo ciclone. Necessito de lona para cobrir parte do abrigo que ficou em pé”, relatou.

Apoio limitado

A ASAC, em parceria com a FH Association e a Teafunder, tem distribuído cestas básicas, insumos agrícolas e de pesca, além de reabilitar furos de água. No entanto, o presidente da associação reconhece que o apoio prestado ainda é insuficiente para abranger todos os necessitados.

"O objetivo da distribuição de alimentos é: enquanto as pessoas estão a se recuperar nas suas machambas e na pesca vão tendo a alimentação para suprir as necessidades do dia a dia. Mas sabemos que é um trabalho acabado tendo em conta que temos limitação de atender a todos que são vulneráveis”, referiu Mussa Juma.

Nampula foi assolada por três eventos climáticos extremos num curto espaço de tempo: o ciclone Chido, em dezembro de 2025, o ciclone Dikeled, em janeiro, e a tempestade tropical Jude, em março.

Segundo o administrador de Mogincual, João Bento, os trabalhos de recuperação dos danos estão avançados, com mais de 80% já concluídos.

"Estamos a trabalhar com a nossa liderança comunitária para sensibilizar as comunidades a envolverem-se na produção agrícola da segunda época. Tivemos inundações que algumas áreas fazendo com que alguns produtos se perdessem”, afirmou.

Apesar dos progressos, muitas infraestruturas públicas, incluindo escolas, continuam por reabilitar. A escassez de recursos financeiros está a comprometer a prestação de serviços essenciais à população local, alertou ainda o responsável distrital. 

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Sitoi Lutxeque Correspondente da DW África em Nampula