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FRELIMO e RENAMO em guerra devido a licenças de município

25 de junho de 2025

Município de Nampula, liderado pela FRELIMO, acusa antiga administração, da RENAMO, de atribuir ilegalmente licenças de espaços da edilidade. Analista admite que tal não passa de estratégia política do partido no poder.

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Moçambique Nampula | Kombobild Paulo Vahanle - Luís Giquira
Luís Giquira (esq.), edil de Nampula pela FRELIMO e Paulo Vahanle, ex-edil pela RENAMOFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Eclodiu em Nampula, norte de Moçambique, um embate político com contornos judiciais. O atual governo municipal, liderado pelo empresário da FRELIMO Luís Giquira, acusa a antiga administração liderada por Paulo Vahanle, da RENAMO, de atribuir ilegalmente licenças de construção e venda de espaços da edilidade a cidadãos.

De acordo com o vereador do Pelouro da Urbanização e Gestão de Terra, no Conselho Municipal de Nampula, Stefan Miguel, a nova administração identificou vários espaços que teriam sido atribuídos ilegalmente a cidadãos particulares.

"Os cidadãos trouxeram licenças que foram emitidas e assinadas no dia 5 de fevereiro de 2024 [faltando quatro dias para a tomada de posse do atual governo], mas nós informámos-lhes que as licenças não deviam ser emitidas em nome de indivíduos particulares, porque o espaço pertencia ao Conselho Municipal", conta.

Um dos espaços atribuídos ilegalmente, segundo o vereador, fica na antiga Feira Agro-Industrial de Nampula (FAINA), cujas construções teriam sido embargadas.

Miguel relata ainda que "já se tinha dado algum seguimento a obra e estava numa fase muito avançada, e acabou se decidindo que o cidadão havia de continuar com a obra, mas a licença devia ser passada em nome do Conselho Municipal da Cidade de Nampula, que é o legítimo proprietário do espaço, naquele caso da FAINA."

Moçambique, Nampula | Mercado Central em Nampula
Mercado Central de Nampula. A cidade cresce de forma desordenadaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Ex-edil opta pelo silêncio

Contactado pela DW, o então autarca de Nampula, Paulo Vahanle, recusou gravar entrevista. Delegou um comentário ao seu antigo chefe de gabinete e assessor particular Ossufo Ulane, que, também sem gravar, disse apenas que Vahanle não tem nada a comentar por se tratar de uma questão política.

Aniceto Ecuazune, que até à transição do poder em Nampula era vereador da Urbanização e Gestão de Terra, no Conselho Municipal, na gestão de , também não quis falar do assunto.

"Não tenho comentários para essa questão", afirmou. 

Sem comentar o caso em detalhe, o padre e académico Cantífula de Castro admite que as acusações da nova administração em Nampula podem ser uma estratégia política, como refere o representante de Vahanle.

Segundo Cantífula de Castro, esse seria já um estratagema antigo "e que se manifesta como sistemática de descredibilização institucional e como manobra de legitimação do poder recém-assumido".

O padre destaca que "a alegação de atribuição de licenças na gestão anterior é uma narrativa que é recorrente, não necessariamente por serem falsas, mas porque frequentemente servem a interesses de engenharia política".

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Sitoi Lutxeque Correspondente da DW África em Nampula
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