Myanmar: Sismo fez mais de mil mortos e milhares de feridos
29 de março de 2025Mais de mil pessoas perderam a vida em Myanmar (antiga Birmânia) na sequência de um sismo de magnitude 7,7 na escala de Richter que abalou o centro do país na sexta-feira. Segundo um relatório atualizado esta manhã pela junta militar no poder, o terramoto provocou 1.002 mortos e 2.376 feridos, além de elevados danos materiais. O apelo à ajuda internacional — considerado excecional, dada a habitual reserva do regime — não tardou a mobilizar esforços a nível global.
O sismo ocorreu às 12h50 (hora local), a uma profundidade de 10 quilómetros, com epicentro a cerca de 17 quilómetros de Mandalay, a segunda maior cidade do país, que tem 1,2 milhões de habitantes e se situa a 270 quilómetros da capital, Naypyidaw. Ondas sísmicas foram sentidas até Banguecoque, na Tailândia, a cerca de mil quilómetros de distância, onde já foram contabilizadas dez vítimas mortais e há registo de cerca de 100 desaparecidos.
Também na China, os efeitos do sismo foram sentidos com particular intensidade na cidade fronteiriça de Ruili, na província de Yunnan, onde mais de 800 casas ficaram danificadas. As autoridades locais contabilizam 2.840 pessoas afetadas, duas das quais com ferimentos ligeiros. Várias equipas de emergência foram mobilizadas para inspeções de segurança, reparações de infraestruturas e vigilância de riscos geológicos, tendo os serviços essenciais já sido restabelecidos.
A resposta internacional tem vindo a ganhar escala. A União Europeia anunciou uma ajuda de emergência de 2,5 milhões de euros, tendo também ativado o programa de observação por satélite Copernicus. "Os satélites europeus já estão a apoiar os socorristas. Estamos prontos para prestar mais apoio”, declarou Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. A comissária para a Gestão de Crises, Hadja Lahbib, acrescentou que este apoio "vai trazer alívio imediato às pessoas afetadas”.
Equipa chinesa de 37 socorristas, equipada com detetores de vida, drones e sistemas de alerta sísmico, chegou esta manhã a Myanmar, vinda da província de Yunnan. Também 16 elementos da organização humanitária Blue Sky Rescue partiram da cidade de Ruili rumo ao país vizinho, transportando kits de primeiros socorros, geradores e ferramentas de salvamento.
Organizações como a ONU, a Organização Mundial de Saúde, os Médicos Sem Fronteiras e os Estados Unidos já manifestaram a sua disponibilidade para prestar auxílio. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, sublinhou que "o epicentro está em Myanmar, e Myanmar é o país mais frágil nesta situação”.
A dimensão da catástrofe e o número de vítimas ainda por confirmar tornam este sismo num dos mais devastadores da história recente da região, exigindo uma resposta coordenada e urgente por parte da comunidade internacional.