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Terroristas reivindicam novos ataques em Cabo Delgado

Lusa | nn
9 de agosto de 2025

Elementos do Estado Islâmico reivindicaram novos ataques em Cabo Delgado, num momento de crescente violência e milhares de deslocados naquela província moçambicana.

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Estrada que liga Moçambique à Tanzânia, em julho de 2025
Ataques no norte de Moçambique já levaram ao deslocamento de milhares de pessoasFoto: DW

Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram este sábado (09.08) novos ataques nos distritos de Ancuabe e Balama, Cabo Delgado, com pelo menos uma pessoa decapitada, num momento de crescente violência e milhares de deslocados naquela província moçambicana.

A reivindicação, feita através dos canais de propaganda do Estado Islâmico (EI), refere que uma aldeia de Ancuabe foi atacada na sexta-feira (08.08), com os rebeldes a afirmarem que "capturaram um elemento das milícias locais", depois "decapitado".

No dia anterior, mas no distrito de Balama, os insurgentes, alegadamente pertencentes ao grupo Ahlu-Sunnah wal Jama`a (ASWJ), associado ao Estado Islâmico, reivindicam ter incendiado a casa de um "comandante das milícias" locais, numa aparente referência aos guerrilheiros 'naparamas', que também combatem estes grupos.

Também na quinta-feira (07.08), dois paramilitares 'naparamas' e um popular foram mortos por alegados terroristas na aldeia de Nankumi, distrito de Ancuabe. O ataque aconteceu a cerca de cinco quilómetros da localidade de Sunate (Silva Macua). "Mataram três pessoas, dois 'naparamas', sendo um comandante e um civil", disse uma fonte a partir de Silva Macua.

Outras reivindicações dos últimos dias, confirmadas por fontes locais da Igreja Católica, apontam para casas e igrejas incendiadas em vários pontos de Cabo Delgado, desde o final de julho, incluindo a decapitação de vários "cristãos" entre a população.

No final da semana passada, o mesmo grupo já tinha reivindicado um outro ataque em Chiúre, sul de Cabo Delgado, e a morte de 18 paramilitares 'naparamas', recorrendo a diferente armamento. Nessa mensagem anterior, o grupo extremista reivindicava a morte, nesse ataque em Walicha, Chiúre, de 18 elementos destas milícias tradicionais locais e a destruição de "dezenas de casas" e motorizadas.

Os 'naparamas' são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 80, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade. 

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Em Cabo Delgado, estas milícias apoiam as Forças de Defesa e Segurança (FDS) no combate aos extremistas que atuam localmente desde 2017 ejá provocaram mais de um milhão de deslocados em toda a província.

Mais de 57 mil pessoas foram deslocadas desde 20 de julho na província moçambicana de Cabo Delgado após o recrudescimento de ataques de extremistas, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

De acordo com o mais recente relatório da OIM, com dados de 20 de julho a 03 de agosto, "a escalada de ataques e o crescente medo de violência" por parte de grupos armados não estatais nos distritos de Muidumbe, Ancuabe e Chiúre, "levaram ao deslocamento de aproximadamente 57.034 indivíduos", num total de 13.343 famílias.

Incluem-se 490 grávidas, 1.077 idosos, 191 pessoas com problemas de mobilidade e 126 crianças separadas dos pais, que chegam a andar mais de 50 quilómetros, pela mata, noite e dia, sobretudo em direção à sede do distrito de Chiúre, no sul da província de Cabo Delgado.

Trata-se do maior pico de deslocados por ataques, com destino a Chiúre sede em cerca de um ano.

A informação da OIM acrescenta que os agentes no terreno apontam que "a alimentação é a necessidade humanitária mais urgente", seguida de abrigo e itens não alimentares.

Deste total de deslocados, 22.939 foram abrigados em Namisir e 27.558 em Micone, em ambos os casos em duas escolas da vila de Chiúre, sede do distrito.

O ministro da Defesa Nacional admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os rebeldes armados.

"Como força de segurança não estamos satisfeitos com o estado atual, tendo em conta que os terroristas nos últimos dias tiveram acesso às zonas mais distantes do centro de gravidade que nós assinalámos", disse o ministro Cristóvão Chume, aos jornalistas.

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