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Sentença das "dívidas ocultas" começa a ser lida hoje

30 de novembro de 2022

Mais de um ano depois do início do julgamento, começa hoje a ser lida a sentença do caso das "dívidas ocultas". 19 réus são acusados de corrupção, incluindo Ndambi Guebuza, filho mais velho do ex-Presidente moçambicano.

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Juiz Efigénio Baptista e magistrada do Ministério Público, Ana Sheila MarrengulaFoto: Romeu da Silva/DW

A sentença do caso das "dívidas ocultas" em Moçambique começa a ser lida esta quarta-feira. O processo envolve 19 arguidos, acusados de envolvimento no maior escândalo financeiro do país, que defraudou o Estado moçambicano em mais de 2,7 mil milhões de dólares.

Segundo o Ministério Público moçambicano, essa foi a dívida contraída junto de bancos internacionais, entre 2013 e 2014, para criar as empresas públicas EMATUM, ProIndicus e MAM, sem o conhecimento do Parlamento. Na altura, Armando Guebuza era o Presidente da República. Um dos réus é o seu filho mais velho, Ndambi Guebuza.

Os réus são acusados de usar as empresas num esquema para roubar o Estado, sendo indiciados pela prática de crimes como associação para delinquir, peculato, falsificação de documentos, abuso de cargo ou função e branqueamento de capitais.

Borges Nhamirre, investigador do Centro de Integridade Pública de Moçambique (CIP), alerta, no entanto, que, além de encontrar os responsáveis, é fundamental recuperar o dinheiro perdido no escândalo.

"Presumo que o maior desafio está na recuperação das perdas. Tratando-se de crimes de corrupção, mais importante do que ter pessoas na cadeia é conseguir recuperar o património", afirma Nhamirre em declarações à DW África. "Muita coisa está fora do país. E [temo que] o Estado não vai recuperar os ativos perdidos".

Mosambik Maputo Gerichtsverfahren wegen versteckter Schulden
Julgamento do caso das "dívidas ocultas" na tenda da cadeia de máxima segurança de Maputo, vulgo BOFoto: Romeu da Silva/DW

Que desfecho para o caso?

Ainda assim, Nhamirre acredita que o julgamento mediático do caso das "dívidas ocultas" em Moçambique pode deixar "boas lições" em matéria de corrupção e usurpação de poder.

"Sabemos do grande poder que o Executivo tem sobre o judiciário em Moçambique. Quando se instaura processos contra pessoas  como o filho do Presidente, diretores do Serviço de Informação e Segurança do Estado e da própria inteligência, é sinal de que a Justiça está a funcionar." 

Quanto ao prazo previsto para aleitura da sentença, de cinco dias, Borges Nhamirre não acha exagerado, uma vez que "o processo é complexo, e o tribunal precisa de tempo e espaço para argumentar o seu veredito".

O julgamento do caso das "dívidas ocultas" começou a 23 de agosto de 2021. Inicialmente, a leitura da sentença foi marcada para agosto deste ano, mas o juiz da causa, Efigénio Baptista, adiou para 30 de novembro devido à "especial complexidade da causa, o volume do processo de mais de 30 mil páginas e a sobrecarga de trabalho com os arrestos, embargos e agravos".

Os réus rejeitam as acusações do Ministério Público, considerando que não há provas do seu envolvimento no escândalo.

Veja imagens da audição de Ndambi Guebuza

Ariana Miranda Correspondente da DW em Cabo Verde
Lusa Agência de notícias
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