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Moçambique: Polícia com salários em atraso "é um risco"

8 de agosto de 2023

Membros das forças de defesa e segurança queixam-se que estão há dois meses sem salários em Moçambique. Governo diz que as dificuldades devem-se a problemas técnicos. Analistas alertam para as consequências da situação.

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Foto: DW/L. da Conceição

O Executivo explica que o problema dos salários em atraso tem a ver com falhas no processo de migração dos dados dos membros das forças de defesa e segurança para o novo sistema de pagamento de salários do Estado.

Em conferência de imprensa na segunda-feira (07.08), o diretor nacional de contabilidade pública no Ministério da Economia e Finanças, Manuel Matavele, garantiu que é um problema pontual.

Matavele disse ainda que 99% dos funcionários públicos têm a situação salarial regularizada.

"Neste momento, estamos a trabalhar com os recursos humanos do Ministério do Interior, Ministério da Defesa e das Forças Armadas, para que seja disponibilizada toda a informação necessária para cadastrar os funcionários a 100%", afirmou.

Regresso ao sistema anterior?

No fim de semana, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, sugeriu que se voltasse a usar o sistema anterior de pagamento de salários para que os polícias e militares voltassem a receber a tempo e horas.

Generalkommandant der Polizei der Republik Mosambik   Bernardino Rafael
Bernardino Rafael, comandante-geral da Polícia da República de MoçambiqueFoto: DW

O comandante-geral disse que a situação atual é preocupante, tendo avançado que há membros da corporação que tiveram de adiar tratamentos médicos e outros foram expulsos das suas casas por não pagarem a renda.

Para o analista económico Dereck Mulatinho, este esforço financeiro devido aos salários em atraso pode ter consequências graves.

"Poderá de alguma forma aumentar nos índices de criminalidade, dado o baixo índice de prontidão combativa e baixa moral no seio das forças de defesa e segurança", disse.

"Aumenta a insatisfação"

Estrela Charles, economista e pesquisadora do Centro de Integridade Pública, concorda.

"O atraso no pagamento dos salários dos agentes da polícia e militares é um risco", afirmou.

A analista do CIP refere também que este atraso no pagamento salarial "aumenta a insatisfação e ineficiência no que diz respeito ao trabalho exercido por estes funcionários".

Estrela Charles
Estrela Charles, economista e pesquisadora do CIPFoto: Romeu da Silva/DW

E Estrela Charles vai mais longe quanto às possíveis consequências da falta de pagamento e à necessidade de ganhar dinheiro de forma ilegal.

"A área da polícia é uma área onde há níveis de corrupção bastante elevados. Então, o atraso no pagamento de salários desses profissionais pode propiciar o aumento dos níveis de corrupção nas estradas."

A economista e pesquisadora do CIP acredita que esta situação pode agravar os casos de criminalidade envolvendo as próprias forças policiais. 

Os desafios para Moçambique no Conselho de Segurança da ONU

Silaide Mutemba Correspondente da DW África em Maputo
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