Moçambique pede "basta" a justiça pelas "próprias mãos"
6 de setembro de 2025"Nós queremos apelar a um comportamento mais humano, de uma cidadania mais responsável. Temos de (...) procurar perceber as razões e evitar, efetivamente, agressões, porque já basta de problemas", disse Inocêncio Impissa, porta-voz do Governo moçambicano, durante uma conferência de imprensa, em Maputo, esta sexta-feira (05.09).
Em causa estão quatro agentes da polícia que alegadamente mataram a tiro uma criança de 12 anos, na segunda-feira, na província de Maputo, durante uma perseguição, usando um carro particular, à viatura em que o menor seguia com os seus pais para a província de Manica, no centro de Moçambique.
Após o incidente, um agente da polícia foi linchado por populares, além ter causado agitação social, com bloqueio da Estrada Nacional 1.
Segundo o governante, que repudiou a atitude da polícia e da população, uma "má atuação" não pode ser resolvida com outra "indevida", associando, entretanto, os incidentes a "uma ferida muito grande" resultante das manifestações pós-eleitorais.
"Esta responsabilidade não é só do Governo, é responsabilidade de cada um de nós, para repudiar a prática e a realização deste tipo de justiça, inclusive justiça privada, justiça por próprias mãos (...) porque não é o caminho mais correto", acrescentou Impissa, garantindo que os agentes envolvidos no caso "estão a ter um tratamento específico dentro da corporação".
"Incidente belisca imagem da cooperação"
Também na sexta-feira (05.09), o vice-comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) admitiu a possibilidade de expulsar os agentes envolvidos.
"O processo criminal está a andar, mas, por parte da PRM, o que mais interessa é a instauração de um processo disciplinar que vai ditar o posicionamento destes agentes. Mas não restam dúvidas que a última posição que nós vamos tomar é a de expulsar [os agentes]", disse Aquilasse Manda, vice-comandante-geral da polícia moçambicana.
O responsável acrescenta que não é missão da PRM a fiscalização de viaturas na via pública, definindo a ação dos agentes da polícia como "abuso".