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Moçambique: "Governo devia baixar o IVA"

29 de março de 2025

Em Moçambique, mais de 12 mil pessoas, sobretudo jovens, estão no desemprego, como consequência da onda de manifestações pós-eleitoral que assolaram o país nos últimos seis meses.

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Daniel Chapo, Presidente de Moçambique
Daniel Chapo, Presidente de MoçambiqueFoto: Sitói Lux/DW

O número dedesempregados disparou em Moçambique, por conta do encerramento de muitas empresas que foram vandalizadas nos últimos seis meses, devido às manifestações pós-eleitoraios.

Dados indicam que cerca de cinco centenas de empresas foram vandalizadas, algumas das quais encerradas, causando mais de 12 mil desempregos. Cidadãos dizem-se sufocados com o custo de vida e pedem ajuda. Para mitigar o impacto, o Governo iniciou, esta sexta-feira (28.03) o financiamento de mais de 5 milhões de dólares aos empresários em "crise" com vista a sua recuperação.

Nelson Silva, de 30 anos, é operador de mototaxi. Trabalhava num estabelecimento comercial na cidade de Nampula, mas viu-se à porta da rua, em novembro do ano passado, quando a loja onde era empregado foi vandalizada. Sem muitas alternativas, encontrou uma outra forma de ganhar a vida, mas lamenta as dificuldades e o custo de vida.

"É sentimental o que aconteceu, realmente. Muitas pessoas perderam o emprego devido a essas manifestações, mas essas manifestações sairam  diretamente da CNE. Devido a estas manifestações [que causaram destruições], o Governo tinha de ver o sentimento do povo, porque atualmente temos o [aumento] do custo de vida. O governo devia baixar o IVA [Imposto de Valor Acrescentado], o combustível é uma questão básica de vida", disse.

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Desemprego é o "vilão" da juventude

Sualehe Manuel é um outro jovem residente em Nampula que sente o peso da queda da economia, causada pelo encerramento de postos de trabalho. É ardina há mais de 10 anos, mas nos últimos tempos o negócio caiu e vive a "Deus dará”.

"Nós que somos batalhadores, praticamente nos últimos seis meses, não temos nenhum rendimento. Já nos tínhamos habituado, por exemplo de manhã até o final do dia, conseguir entre 1.000 a 2.000 meticais, mas agora reduziu, se saíres com 5.00 meticais é sorte”, lamentou.

O renascer da esperança?

Daniel Chapo, Presidente da República, lançou uma ação de financiamento de 26 empresas, no âmbito da terceira edição do Fundo Catalítico, com prioridades para as de Cabo Delgado, Nampula e Tete, que além das manifestações, foram severamente fustigadas pelos três últimos ciclones – Chido, Dikeledi e Jude.

Chapo aproveitou para lançar oficialmente o Fundo de Recuperação Empresarial, da iniciativa do seu Governo, financiado pelo Banco Mundial, num montante de 320 milhões de meticais, o equivalente a cinco milhões de dólares.

"Esta iniciativa junta-se a outras iniciativas recentemente lançadas, para o apoio a tesouraria e investimentos as micro, pequenas e médias empresas do sector privado em Moçambique, porque nós sabemos que o sector privado é que dinamiza a economia", disse.

Ainda com vista à recuperação ao desenvolvimento económico, o governo criou o Fundo de Desenvolvimento Local, uma linha de crédito bonificada, estimada em 10 mil milhões de meticais, e a reestruturação dos financiamentos concedidos às empresas afetadas pelas manifestações.

"Como Governo, vamos continuar a criar vários fundos que facilitem o acesso ao nosso setor privado e consequentemente estimular a economia, para que ela seja retomada e possamos criar mais emprego para a nossa juventude", disse.

O empresário e vice-presidente do Conselho Empresarial de Nampula, agremiação pertencente à CTA, Luís Vasconcelos, diz que tendo em conta a situação atual em que muitas empresas estão votadas, levará tempo para a normalização do ambiente do negócio do setor privado.

"Para os empresários, não é um fundo de solução imediata que vai trazer a recuperação na totalidade das perdas empresariais. Mas é uma ajuda que o Governo ao setor empresarial, portanto é mais ou menos entre não termos nada e chorarmos e termos este mini-apoio. Agora resta os empresários demonstrarem efetivamente, através dos seus projetos, que realmente estão a usufruir deste fundo e para aquilo que se escreveram", assegurou o investidores.

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Sitoi Lutxeque Correspondente da DW África em Nampula