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Moçambique: MC Trufafa "consciente" após ser baleado

14 de abril de 2025

O apoiante do ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane Joel Amaral encontra-se nos "cuidados intensivos e evoluir bem" após ter sido alvejado a tiro em Quelimane, centro de Moçambique, disse fonte hospitalar.

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Foto do Hospital Central de Quelimane, em julho de 2019
Artista e mobilizador da campanha de Venâncio Mondlane está internado no Hospital Central de QuelimaneFoto: DW/M. Mueia

"Atualmente, ele encontra-se nos cuidados intensivos a evoluir bem, consciente, comunicativo, já recebeu a visita da sua família e aguardamos a sua evolução clínica", disse Palmira Nascimento, porta-voz do Hospital central de Quelimane, onde o político e um dos mobilizadores de Venâncio Mondlane se encontra internado.

Joel Amaral, músico e autor de temas que mobilizaram apoiantes de Mondlane nas campanhas eleitorais para as autárquicas (2023) e depois para as presidenciais (2024), foi baleado no domingo no bairro Cualane 2.º, na cidade de Quelimane, província da Zambézia.

O Hospital Central de Quelimane confirmou uma lesão no couro cabeludo de Joel Amaral, após o mesmo ter sido alvejado a tiro, mas os exames hospitalares apontaram que a bala não alcançou o osso do crânio, conforme dados avançados pela unidade sanitária.

"A lesão simplesmente esteve ao nível do couro cabeludo. Ele foi dirigido ao bloco operatório onde foi feita uma limpeza exaustiva, profunda e não foi encontrada nenhuma presença de bala", disse Palmira Nascimento.

Venâncio Mondlane, que chegou esta segunda-feira (14.04) a Quelimane para visitar a vítima, classificou ontem o incidente como mais um caso de "intolerância política".

"É com profunda tristeza e indignação que confirmo a notícia sobre o baleamento do nosso mobilizador nacional Joel Amaral, carinhosamente conhecido como MC Trufafa. O nosso querido Joel foi brutalmente atacado, sofrendo três tiros, dos quais dois atingiram os seus membros inferiores e um atingiu a parte da cabeça", descreveu Venâncio Mondlane numa mensagem na sua conta oficial na rede social Facebook. 

Joel Amaral é um músico conhecido por MC Trufafa
Joel Amaral, músico e autor de temas que mobilizaram apoiantes de Mondlane nas últimas campanhas eleitoraisFoto: Privat

Logo após as eleições gerais de 2024, o assessor jurídico de Venâncio Mondlane, o conhecido advogado Elvino Dias, e o mandatário do Podemos, Paulo Cuambe, partido que apoiava a sua candidatura presidencial, foram baleados mortalmente na noite de 18 de outubro, numa emboscada à viatura em que seguiam no centro de Maputo, com tiros de metralhadora, num crime que provocou a comoção na sociedade moçambicana e que continua por esclarecer.

"É hora de nos unirmos contra a violência e a opressão, e de exigir um Moçambique onde todos possam viver em segurança e dignidade. A luta pela justiça e pela paz é uma responsabilidade de todos nós, e não podemos permitir que o medo e a intolerância prevaleçam", afirmou.

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, classificou como uma "afronta à democracia" o alvejamento a tiro de Joel Amaral, pedindo uma investigação cabal ao crime.

"Recebemos, com profunda preocupação, a notícia do baleamento do músico e político Joel Amaral. Este ato de violência gratuita não é apenas um ataque contra um cidadão que contribui com o seu saber e dedicação ao nosso país, mas também uma afronta à democracia e aos princípios do Estado de direito, que todos devemos proteger", afirmou o chefe de Estado.

Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro que deram a vitória a Daniel Chapo, empossado em janeiro como quinto Presidente de Moçambique, convocou desde 21 de outubro protestos que, em cinco meses, provocaram cerca de 390 mortos em confrontos com a polícia, segundo dados de organizações da sociedade civil, degenerando igualmente em saques e destruição de empresas e infraestruturas públicas.

Contudo, em 23 de março, Mondlane e Daniel Chapo encontraram-se pela primeira vez e foi assumido o compromisso de cessar a violência no país.

O Governo moçambicano confirmou anteriormente, pelo menos, 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

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Lusa Agência de notícias