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Moçambique: Falta o básico nos hospitais públicos em Maputo

13 de julho de 2024

A situação nos hospitais públicos da capital moçambicana, Maputo, atingiu níveis alarmantes. Falta comida para pacientes internados, medicamentos essenciais e até água nas maternidades.

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Foto: Bernardo Jequete/DW

Em Maputo, pacientes e respetivos familiares relatam que a falta de alimentação nos hospitais já se tornou rotina. E em muitos casos, os doentes são obrigados a depender da caridade de parentes para suprir as suas necessidades básicas de alimentação, enquanto estão internados e em tratamento nas unidades sanitárias.

A ausência de medicamentos vitais agrava ainda mais a situação. Muitos pacientes são obrigados a comprar remédios nas farmácias privadas, o que aumenta o peso financeiro sobre famílias já vulneráveis.

Mozambique Mosambik Tuberkulose KI AI prison
Falta alimentação para pacientes internadosFoto: Alfredo Zuninga/AFP

Além disso, os pacientes também enfrentam o atendimento desumano. Em entrevista à DW, uma paciente do Hospital Geral José Macamo, revelou que os pacientes estão sujeitos a condições de atendimento indignas e desrespeitosas. 

"As pessoas saem de casa com a doença e ao invés de estar curadas, voltam mais doentes devido ao atendimento que não é eficaz. Fazemos análises médicas e desaparecem e ninguém sabe explicar onde foram parar e não somos permitidos reclamar", lamentou a paciente que preferiu falar à DW em anonimato.

Criação de condições 

Apesar destes relatos, a vereadora para a área de Saúde e Ação Social no Conselho Municipal da Cidade de Maputo, Alice de Abreu, garante que a edilidade tem estado a trabalhar para a melhoria das condições nos hospitais da capital. 

"Nós estamos conscientes que na nossa cidade os níveis de procura pelo entendimento hospitalar aumentaram e, com isso, aumentou também a pressão nas unidades sanitárias, mas temos criado condições de ter disponíveis medicamentos para os pacientes e laboratórios para as análises", disse Alice de Abreu.

Falta água nas maternidades

Na província de Maputo, há igualmente relatos de um cenário crítico numa das maternidades, onde chega a faltar até água para as parturientes, o que compromete os cuidados com as mães e recém-nascidos, segundo uma denúncia feita por uma enfermeira na província.

Mosambik | Krankenhaus in Chimoio
Pacientes denunciam "mau" atendimento nos hospitaisFoto: Bernardo Jequete/DW

"Na nossa unidade sanitária, por vezes trabalhamos em condições não muito boas. Agora por exemplo, não temos água e quando temos pacientes que vão a maternidade, os familiares são obrigados a trazer água", relatou a técnica que também preferiu o anonimato.

António Mathe, do Observatório do Cidadão para a Saúde, entende que os problemas que a saúde enfrenta estão relacionados a uma estratégia ineficaz para o financiamento do setor.

"Era importante incrementar o orçamento da saúde no plano económico e social e orçamento do Estado”, afirma Mathe para quem “neste caso, os sectores sociais são os sectores mais sacrificados, mas na verdade deviam ter um nível de prioridade maior", lamenta.

Silaide Mutemba Correspondente da DW África em Maputo