Moçambique vai recuperar reputação fora da lista do GAFI?
15 de maio de 2025O Governo moçambicano anunciou hoje que concluiu todas as exigências estabelecidas pelo Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), passo fundamental para a remoção do país da chamada “lista cinzenta”.
Moçambique foi incluído nessa lista em 2022, devido a deficiências identificadas na prevenção e combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo.
O anúncio foi feito durante uma conferência de imprensa por Luís Abel Cezerilo, Coordenador Nacional do Comité Executivo de Combate e Prevenção ao Branqueamento de Capitais e Financiamento ao Terrorismo.
"A imagem reputacional do país, que havia sido negativamente afetada, está agora a ser revertida. É possível que, na próxima reunião do GAFI, seja formalizado o anúncio da nossa remoção da lista cinzenta" declarou Cezerilo.
Validação
O processo segue agora para validação formal. Em junho, os resultados deverão ser ratificados pelo Conselho de Ministros.
Posteriormente, em outubro, Moçambique acolherá uma missão do Grupo de Revisão de Cooperação Internacional, um braço técnico do GAFI responsável pela verificação no terreno dos compromissos assumidos.
Com este anúncio, Mocambique espera recuperar a credibilidade no palco financeiro internacional.
"Esperamos voltar à situação reputacional em que não sejamos vistos como branqueadores de capitais, sem que coloquem em causa as nossas instituições", disse Cezerilo.
Manutenção dos ganhos
Entretanto, o economista Clesio Foia fala da necessidade de manutenção destes ganhos e destaca alguns passos que devem ser tomados em conta, como uma consolidação institucional.
"Essa consolidação institucional deve estar alicerçada no fortalecimento de unidade de informação financeira, com recursos humanos e capacidade tecnológica para detecção das transações suspeitas". alerta.
Segundo o economista, também é preciso "reforçar o próprio sistema judicial, com tribunais especilalizados em crimes económicos e na luta contra terrorismo".
Desde a sua entrada na lista, a 22 de outubro de 2022, Moçambique esteve sob monitoria intensificada devido à persistência de lacunas estruturais no sistema nacional de prevenção e combate aos crimes financeiros.
Um dos principais pontos de preocupação era a movimentação de somas de dinheiro suspeitas de financiar o terrorismo na província de Cabo Delgado.
A retirada da lista cinzenta representará um alívio significativo para o setor financeiro e para a economia em geral, uma vez que a inclusão na lista acarreta constrangimentos reputacionais, limitações no acesso ao sistema bancário internacional e maior escrutínio sobre transações financeiras com origem ou destino em Moçambique.