Moçambique: Empresários reféns de protestos populares?
20 de fevereiro de 2025A Confederação das Associações Económicas (CTA) exige ao Governo de Moçambique garantias de segurança dos seus investimentos e empreendimentos para "libertar os empresários do medo das vandalizações, saques e destruição de propriedades". Os empresários pedem medidas contra as manifestações porque consideram que a economia não pode ficar refém de protestos diários.
Os empresários querem que o Executivo moçambicano, liderado pelo Presidente Daniel Chapo, celebre publicamente um pacto de alívio da carga fiscal, isenção de encargos sobre produtos básicos importados e de taxas para minimizar o impacto dos protestos populares.
Praticamente todos os dias, e em quase todas as cidades capitais e vilas distritais do país, populares têm estado a bloquear rodovias em protestos contra o custo de vida, destruindo bens públicos e privados.
É neste contexto que o presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), Agostinho Vuma, entende que a retoma dos compromissos empresariais não pode continuar paralisada, adiada e reféns de levantamentos populares diários.
"Só neste pacto com todos os atores sociais, políticos e económicos encontraremos sinais claros de esperança e otimismo na nossa economia”, afirma Agostinho Vuma. "E nós, como classe empresarial, estamos disponíveis e prontos para arregaçar as mangas para o trabalho”, assegura, dando conta que os agentes económicos e sociais moçambicanos, "inspirados nas lições de resiliência e determinação do povo”, estão prontos a abraçar "o milagre moçambicano de recuperação económica".
Decréscimo económico
No total são 955 empresas afetadas pelas vandalizações, pelo que a CTA propõe a reestruturação dos empréstimos dos clientes vitimizados pelos protestos.
"É nosso entendimento que a enfase da política monetária deve ser a distribuição de crédito, o que certamente contribuirá para incentivar o investimento privado na base produtiva, criando condições para a substituição das importações e alívio da pressão cambial", considera o presidente da CTA.
Por tudo isto, nota Vuma, o desempenho económico do último trimestre de 2024 não podia ser outro senão o decréscimo. O desempenho económico baixou "de 54% para 50%, o que representa uma queda de três pontos percentuais”. De acordo com o responsável, "entre o terceiro e o quarto trimestre de 2024 os fatores macroeconómicos que afetam os custos das empresas permanecem estáveis”.
Outro facto, como refere Agostinho Vuma, é que "os preços da gasolina e do gasóleo não apresentaram variações, mantendo-se em 86,25 meticais o litro e 91,23 o litro respetivamente."
Espinha dorsal da economia
O ministro da Economia e Finanças, Basílio Muhate, repetiu o que o Presidente Daniel Chapo já havia prometido: "as medidas dos 100 dias e uma delas têm a ver com o apoio às micro, pequenas e médias empresas”.
"Apostamos na industrialização e tecnologias digitais e o nosso objetivo é apoiar a modernização das cadeias produtivas, criar um ecossistema onde os pequenos e médios negócios possam melhorar nos setores estratégicos da nossa economia”, afirmou o ministro. "Queremos reafirmar que as micro, pequenas e médias empresas são a espinha dorsal da nossa economia", concluiu.