Daniel Chapo lança chama da unidade com apelos à coesão
7 de abril de 2025Moçambique deu início, esta segunda-feira (07.04), às comemorações dos 50 anos da sua independência nacional. A cerimónia teve lugar em Nangade, em Cabo Delgado, no nordeste do país, e culminou com o lançamento da chama da unidade nacional pelo Presidente Daniel Chapo.
Segundo Daniel Chapo, a chama da unidade nacional irá percorrer todas as províncias como um símbolo de coesão e de um futuro construído de forma conjunta.
Independência econômica e diálogo inclusivo
O chefe de Estado destacou que a iniciativa visa consolidar dois objetivos principais: a conquista da independência económica e a promoção de um diálogo político inclusivo aberto a todos os cidadãos.
"Queremos, através dela, transmitir duas mensagens principais a todos os compatriotas, do Rovuma ao Maputo: primeiro, a necessidade de convidar todos os moçambicanos, independentemente do seu partido político, da sua ideologia, da sua religião, da sua origem étnica, do género ou da raça, para caminharmos juntos e participarmos de forma massiva no processo de diálogo político nacional inclusivo, que já se iniciou", afirmou o Presidente de Moçambique.
Chapo reiterou ainda que a chama deve ser encarada como um símbolo de união, apelando à participação ativa de todos por onde a tocha que transporta a chama passar.
"Vamos todos unir-nos como irmãos, como moçambicanos, abraçar a nossa chama da unidade nacional e celebrar os 50 anos da nossa independência", declarou.
Oposição manifesta apoio cauteloso à iniciativa
A oposição política acolheu positivamente a marcha da chama da unidade, considerando-a uma oportunidade para renovar os compromissos com a reconciliação nacional. Alberto Ferreira, representante do partido PODEMOS, falou em nome dos partidos signatários do acordo para o diálogo nacional inclusivo, reafirmando o empenho da oposição no processo de pacificação.
"Os partidos políticos da oposição, com clareza e objetividade, afirmamos e expressamos de forma resoluta que chegou a hora de dizer basta aos fracassos, basta aos acordos incumpridos. Pretendemos contribuir para a reconciliação, para a paz e para um Moçambique verdadeiramente inclusivo", declarou Ferreira.
Chama da unidade em contexto de tensão pós-eleitoral
O lançamento da iniciativa ocorre num momento sensível para o país, marcado por tensões políticas e manifestações violentas após as últimas eleições, que resultaram em perdas humanas e na destruição de bens públicos e privados.
Para o analista político Aunício da Silva, ouvido pela DW, a chama da unidade nacional poderá representar uma oportunidade concreta para o país ultrapassar as feridas do passado e consolidar a estabilidade.
"É necessário que nós, moçambicanos, encontremos uma forma de ultrapassar a crise que atualmente enfrentamos. Já existe uma iniciativa, liderada pelo Presidente da República, no distrito de Nangade. Assim, devemos encará-la como uma possibilidade de relançar a nossa união, garantir a nossa soberania territorial e, acima de tudo, comprometer-nos com a preservação das liberdades e dos direitos fundamentais já conquistados", defendeu o analista.
Chama não vai unir o país
Apesar do entusiasmo em torno das celebrações dos 50 anos da independência nacional, o académico Vasco Acha minimiza o impacto simbólico da chama, considerando que ela, por si só, não é capaz de promover a união entre os moçambicanos atualmente divididos.
"A chama, em si, não poderá ser um ato de união. O que vai unir, talvez seja essa mensagem rec onciliatória que o Presidente está a lançar, que quer coesão, diálogo e inclusão. A chama, em si, é um símbolo específico associado a um determinado partido e de uma causa, e sempre foi monopolizada nesse contexto por esse partido libertador", afirmou o académico.
As comemorações do cinquentenário da independência irão decorrer nos próximos meses, abrangendo diversas atividades culturais, políticas e educativas em todas as províncias do país, com o objetivo de envolver a sociedade moçambicana.