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Moçambique: Ano letivo arranca com escolas destruídas

31 de janeiro de 2025

Novo ano letivo arrancou oficialmente em Moçambique, mas centenas de escolas um pouco por todo o país permanecem destruídas na sequência das manifestações pós-eleitorais.

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Moçambique, Nampula: ano letivo começa com salas de aulas destruídas
Ano letivo difícil para os alunos moçambicanos. Os manifestantes destruíram quase tudo, com recurso a fogo postoFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Arrancou oficialmente, esta sexta-feira (31.01), em Moçambique, o novo ano letivo, com centenas de escolas destruídas na sequência dos protestos pós-eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane depois dos resultados das eleições de 9 de outubro de 2024. O setor da Educação reconhece que o ano não será fácil, mas assegura que, apesar das dificuldades, as aulas vão mesmo arrancar.

Na província de Nampula, a mais populosa do país, pelo menos 64 escolas foram vandalizadas no final do ano passado, afetando mais de 20 mil alunos. Na Escola Secundária 22 de Agosto, na capital provincial, os manifestantes destruíram quase tudo, com recurso a fogo posto, como conta à DW Sérgio Reis, diretor adjunto deste estabelecimento de ensino.

"O gabinete do diretor da escola, gabinetes dos pedagógicos, biblioteca e as salas de aulas foram totalmente destruídas”, dá conta o diretor adjunto. "Todo o material que a escola tinha [também] foi vandalizado”, reforça.

A escola secundária de Nampaco foi, igualmente, vandalizada durante os protestos, criando prejuízos avultados para a comunidade escolar, como descreve António Mulieca, diretor adjunto. "Quase toda a escola foi vandalizada. A começar pelo setor administrativo, o gabinete da diretora, o setor pedagógico, a secretaria e, inclusive, as salas”, relata.

Moçambique, Nampula: ano letivo começa com salas de aulas destruídas
Muitas salas de aula ficaram sem carteiras, o que poderá levar muitos alunos a terem aulas ao relentoFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Como vão estudar os alunos?

Esta sexta-feira tiveram lugar apenas as cerimónias oficiais da abertura do ano letivo. As aulas têm início, efetivamente, na terça-feira (04.02). E em que condições vão estudar os alunos? Responde Mulieca, de forma tímida.

"Os alunos vão estudar segundo a realidade da escola. Ainda não temos apoios ao nível central ou provincial, mas a nossa obrigação é de fazermos a abertura do ano letivo no dia 31 de janeiro”, disse António Mulieca.

Por seu lado, os alunos, que não sabem onde e como vão estudar, lamentam toda a situação. "A escola está muito destruída, fiquei com muito sentimento porque a escola estava muito bonita”, desabafa Selma Sualehe, aluna da 10ª classe. "Eu não sei como vou estudar assim, porque as salas estão destruídas”, reforça Olinda Momade, aluna da 11ª classe, respetivamente da Escola Secundária de Nampaco.

Aumento de turmas ao relento

O Governo local reconhece que o ano não será fácil. Ainda assim, Faruk Carim, porta-voz da direção provincial da Educação de Nampula, em entrevista à estação televisiva STV, disse que o início das aulas é irreversível.

"O ano letivo deve arrancar”, assumiu. "É verdade que nós teremos um aumento significativo de turmas ao relento assim como alunos sentados no chão, mas que o ano letivo vai arrancar vai”. 

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“Teremos um aumento significativo de turmas ao relento assim como alunos sentados no chão”, diz Faruk Carim, porta-voz da direção provincial da Educação de Nampula (foto de arquivo)Foto: Sitoi Lutxeque/DW

Faruk Carim assegurou recentemente, numa entrevista à DW, que há um plano de recuperação das escolas vandalizadas, principalmente nos distritos de Liupo, Erati, Lalaua e Nampula, os mais fustigados da província. "Estamos agora a discutir um plano que deve envolver os parceiros, a sociedade civil, para além do Governo e a direção provincial”, revelou Carim. "Tem de ser um plano bem elaborado [com vista a se] recuperar o máximo possível o que foi vandalizado”, assegurou.

Apesar da destruição, o setor de Educação em Nampula antecipou este ano a distribuição dos manuais escolares, evitando erros do passado.

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Sitoi Lutxeque Correspondente da DW África em Nampula