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Moçambique: Afinal, o que Mondlane e Chapo conversaram?

DW (Deutsche Welle) | cm
25 de março de 2025

Mondlane quebrou o silêncio e revelou os detalhes do encontro com Chapo. Indultos, fim da violência e compensações às vítimas estiveram em discussão. Mas será este o caminho para a paz?

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Daniel Chapo e Venâncio Mondlane
Mondlane e Chapo reuniram-se para um diálogo sobre tensão pós-eleitoral e possíveis soluções para a crise política e socialFoto: Amanuel Sileshi/AFP/Nádia Issufo/DW

Muito se falou sobre o encontro entre oPresidente moçambicano, Daniel Chapo, e o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane, que, para surpresa de todos, aconteceu no passado domingo (23.03). 

No entanto, os detalhes da conversa entre os dois políticos só foram revelados na noite de ontem, através de uma transmissão ao vivo no Facebook feita por Mondlane. O opositor começou por esclarecer que "ir ao diálogo não representa abandonar a causa”. 

"Ir ao diálogo não significa esquecermo-nos que como é que tudo isto começou. E tudo começou porque tivemos eleições e temos provas inequívocas de que ganhámos essas eleições e o problema começa. Portanto, não estou com amnésia. E sei que o povo moçambicano também não está com amnésia”, afirmou Mondlane. 

Durante a transmissão, o ex-candidato anunciou que chegou a um acordo com o Presidente moçambicano para pôr fim à violência, incluindo ataques contra membros das forças de segurança e da FRELIMO, partido no poder. 

"Daniel Chapo assumiu a responsabilidade perante o Estado moçambicano empenhar-se em garantir que esta violência que vem do Estado, que vem da polícia, que vem da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), do Serviço de Investigação Criminal (SERNIC), essa violência deve ser estancada”, declarou. 

Pontos acordados

Entre os pontos acordados está a concessão de indultos a detidos no contexto dos protestos pós-eleitorais. Além disso, segundo Mondlane, foi garantida assistência médica e medicamentosa gratuita a todas as pessoas que ficaram feridas, sobretudo a tiro, durante as manifestações. 

"Pessoas que foram mortas, foram assassinadas, que têm famílias, é preciso compensar as famílias. Crianças, adultos, velhos, perdeu-se vida. É preciso dar assistência social a essas pessoas, dar compensação a essas famílias. Daniel Chapo falou e concordei, ele falou que devemos dar assistência psicológica e estou de acordo”, acrescentou Mondlane. 

Já na segunda-feira, após o encontro, Daniel Chapo, numa visita à província do Niassa, comentou a reunião e sublinhou que "pensar diferente é bom”, mas que as divergências não podem ser resolvidas com violência

Estabilização do país

Se, por um lado, o diálogo entre os dois políticos foi celebrado por muitos, há também quem manifeste reservas. O presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma, afirmou esperar que o encontro traga resultados concretos para a estabilização do país: 

"Todos os dias, temos tido agitações sociais, o que mostra que temos a responsabilidade de promover a concórdia. Apelo aos dois negociadores para que esse não seja mais um diálogo apenas." 

Já o analista político José Malaire, em declarações à DW, alerta para a necessidade de cautela e ações concretas: 

"Porque a paz não se faz com o aperto de mãos, de aproximação, de mediatização. A paz faz-se com originalidade, com sensibilidade, com abertura de espírito e de ação sobre os problemas reais do país." 

O encontro entre Chapo e Mondlane representa um passo significativo na busca por uma solução para as tensões políticas em Moçambique, mas o desfecho desse diálogo ainda dependerá da implementação efetiva dos acordos firmados.

RADAR DW: Revolução Mondlane abana Moçambique