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Moçambique: "A revolução ainda está viva"

17 de janeiro de 2025

Venâncio Mondlane exige 25 medidas para os primeiros 100 dias de governação, ameaçando com protestos se elas não forem cumpridas. À DW, presidente do Parlamento Juvenil diz que esta é uma forma de pressionar Chapo.

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Protestos em Maputo, em novembro de 2024
Há vários meses que Moçambique é palco de protestos pós-eleitorais contra a "fraude eleitoral"Foto: Amós Fernando/DW

O presidente do Parlamento Juvenil de Moçambique considera que a "revolução" ainda está viva, mesmo depois da tomada de posse de Daniel Chapo como Presidente da República, na quarta-feira (15.01).

Em entrevista à DW, David Fardo afirma que ainda é cedo para dizer se o povo moçambicano vai ou não desistir da luta pela verdade eleitoral. Refere também que a "trégua" e as medidas anunciadas, esta sexta-feira, pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane são um "voto de confiança" e uma janela para refletir sobre o futuro de Moçambique.

DW África: O que espera das medidas anunciadas por Venâncio Mondlane?

David Fardo (DF): É preciso frisar que todas as medidas tomadas por Venâncio Mondlane, por Daniel Chapo ou qualquer partido, devem garantir, acima de tudo, o bem-estar da sociedade.

Tendo o Conselho Constitucional chancelado a vitória de Daniel Chapo, espero que as medidas anunciadas por Venâncio Mondlane e o próprio governo sombra, mais do que medidas executivas, sejam medidas de monitoria e pressão ao novo Governo [de Chapo]. Esperamos que esse Governo já chancelado tome essas medidas em consideração, porque, acima de tudo, o que nós queremos é um diálogo sério como pontapé de saída para que a toda sociedade possa participar de forma massiva e ativa.

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DW África: As medidas anunciadas por Venâncio Mondlane após a proclamação de Daniel Chapo como Presidente da República terão o mesmo impacto que as medidas anunciadas por ele anteriormente?

DF: Acho que terão impacto porque temos uma sociedade que, maioritariamente, está quase dependente dos anúncios de Venâncio Mondlane. Acredito que estas são medidas direcionadas ao povo, que o povo respeitará na íntegra.

Mas o contexto atual é de dois "Presidentes" – Venâncio Mondlane, que é o autoproclamado candidato do povo, e Daniel Chapo, o candidato chancelado pelo Conselho Constitucional. É preciso que Daniel Chapo possa garantir maior participação e inclusão de todas as camadas e esferas sociais.

DW África: Então, acha que a revolução não está em agonia?

DF: Não está em agonia, e há várias formas de fazer revolução. Esta acalmia e possível trégua para os próximos 100 dias anunciada por Venâncio Mondlane é um voto de confiança para os que tomam decisões refletirem sobre que passos devem ser dados. Por outro lado, para Venâncio Mondlane e a sociedade, será também uma forma de refletir de forma séria e serena sobre o futuro que queremos para Moçambique.

Abre-se agora um espaço para a inclusão de todas as esferas da sociedade – todas a faixas etárias, de diferentes backgrounds académicos… – para todos poderem construir este Moçambique que, durante quase dois meses, foi palco de manifestações em que foram destruídas várias infraestruturas e a economia retrocedeu. Portanto, esses 100 dias vão servir também para robustecer a economia, consolidar os grupos sociais e partidos políticos [desavindos] e restabelecer uma bússola orientadora sobre que caminhos seguir e que Moçambique queremos daqui a 100 dias ou daqui a cinco, dez ou vinte anos.

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Jornalista da DW Nádia Issufo
Nádia Issufo Jornalista da DW África