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Movimentos extremistas contidos em Cabo Delgado - Governo

5 de agosto de 2025

Forças de Defesa (FDS) estão a confinar grupos extremistas em Cabo Delgado, impedindo avanços em zonas antes controladas. Ataques persistem e já forçaram mais de 57 mil deslocados desde Julho.

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Militares dificultam avanço de grupos extremistas
Militares dificultam avanço de grupos extremistasFoto: Estácio Valoi/DW

As forças governamentais estão a confinar os grupos extremistas que atacam Cabo Delgado, norte do país, desde 2017, impedindo-os de aceder a zonas antes sob seu controlo, garantiu hoje o Governo moçambicano.

"Os movimentos dos terroristas estão cerceados, estão controlados, na medida em que há uma determinada zona que já não lhes é permitido aceder ou entrar (...), por isso é que a zona que tem sido atacada ou movimentada é uma zona que se entendia efetivamente que não era problemática, mas isso mostra que temos que estar mais atentos", disse o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa.

O responsável, que falava aos jornalistas no final da reunião semanal do Conselho de Ministros, realizada hoje, em Maputo, confirmou a ocorrência de novos focos de ataques de grupos armados em Cabo Delgado, com as Forças de Defesa e Segurança (FDS) a travar as suas incursões.

"É preciso primeiro assegurar que, de facto, os movimentos estão contidos pelas nossas FDS (...). Há um trabalho intenso que está a ser levado a cabo, de tal sorte que estes diferentes grupos que têm estado a se deslocar não estão a conseguir atravessar determinados pontos onde gostariam de atravessar e fazer atrocidades ou agravar as atrocidades que têm estado a levar a cabo", disse Impissa, indicando que as FDS continuam no terreno a travar estes grupos.

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"A aldeia [que] foi atacada na última semana e movimentou um conjunto de populares deu para perceber que não era uma zona habitualmente atacada e eles estão certamente a tentar encontrar mantimentos, criar uma espécie de zona tampão para a sua proteção, mas as nossas forças estão felizmente a conseguir retrair estes movimentos e naturalmente estão a confinar os movimentos destes terroristas", concluiu.

Deslocados crescentes

Mais de 57 mil pessoas foram deslocadas desde 20 de julho em Cabo Delgado após o recrudescimento de ataques de extremistas, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) consultados hoje pela Lusa.

Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram na segunda-feira novos ataques nos distritos de Chiúre e Muidumbe, com pelo menos cinco pessoas decapitadas, num momento crescente de violência naquela província moçambicana.

A reivindicação, feita através dos canais de propaganda do Estado Islâmico, refere que numa aldeia de Chiúre foram capturadas e decapitadas quatro pessoas, na sexta-feira. No domingo, outra pessoa foi capturada e morta em Muidumbe, igualmente por elementos alegadamente pertencentes ao grupo Ahlu-Sunnah wal Jama`a (ASWJ).

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No final da semana passada o mesmo grupo já reivindicara um outro ataque em Chiúre e a morte de 18 paramilitares 'naparamas', recorrendo a diferente armamento. O grupo extremista reivindicava as mortes, neste ataque em Walicha, e a destruição de "dezenas de casas" e motorizadas.

Os 'naparamas' são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 80, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade. Em Cabo Delgado, estas milícias apoiam as Forças de Defesa e Segurança (FDS) no combate aos extremistas que atuam localmente desde 2017 e já provocaram mais de um milhão de deslocados em toda a província.

Vários distritos de Cabo Delgado, sobretudo Chiúre, estão a registar uma crescente atividade por parte de elementos destes grupos nos últimos dias. Na semana passada, extremistas reivindicarem também a decapitação, em locais diferentes, de pelos menos três cristãos moçambicanos.

O ministro da Defesa Nacional admitiu, na quinta-feira, preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os insurgentes armados.

A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma insurgência armada que já provocou mais de um milhão de deslocados. 

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Lusa Agência de notícias