Estudantes angolanos equacionam protestos contra as propinas
3 de julho de 2025Muitos estudantes têm aderido à campanha, sobretudo no Facebook. Cada um deles publica uma fotografia sua com os dizeres "Lute como um estudante", "Educação não é um negócio, é um direito" e "Diga não à subida do preço das propinas".
A campanha surge pouco depois de o Governo anunciar o aumento do preço das propinas para o próximo ano letivo, em 20,7%. Em decreto, o Executivo do Presidente João Lourenço justifica a medida com a inflação.
No entanto, os estudantes não concordam. "O Estado não quer respeitar a nossa situação social e económica e nós estamos a fazer essa campanha no sentido de mobilizar os jovens, os estudantes para mostrar que estamos unidos nessa causa e vamos continuar nessa senda ainda esta semana", explica Francisco Teixeira, presidente do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA).
"Mas o grande objetivo dessa campanha nas redes sociais é chamar atenção aos jovens sobre a necessidade que temos de lutar face a essa medida", destaca o dirigente estudantil.
Não há só estudantes a aderir à campanha, políticos também se têm solidarizado com o protesto. É o caso de Serafim Simeão, secretário provincial do PRA-JA Servir Angola, em Luanda.
Simeão questiona as políticas públicas do Estado para o Ensino Superior e critica a má distribuição da renda nacional: "Nós temos um ordenado muito inferior para que possamos aguentar com esse novo aumento. Não podemos aceitar isso. Estamos solidários com a luta do MEA."
Aumentar sensibilização para o tema
Francisco Teixeira, do Movimento de Estudantes Angolanos, revela que o próximo passo será aumentar a sensibilização para o tema, com conversas porta-a-porta e nas universidades angolanas.
O líder associativo explica que, por enquanto, o MEA está a priorizar o diálogo institucional. "Por enquanto vamos começar com a diplomacia. Ontem mesmo demos entrada de uma carta ao Ministério do Ensino Superior, vai entrar carta para a ministra da Educação, das Finanças, e Presidência. A Procuradoria e o provedor já receberam as nossas cartas no sentido de identificar uma forma de discussão sobre essa situação. No fim desta luta, vamos ver", revelou à DW.
Francisco Teixeira não exclui protestos de rua, para pressionar o governo de Angola a recuar na decisão de aumentar as propinas. "Vamos recolher algumas assinaturas e depois vamos ver se vamos realizar alguns protestos. Nós temos em mente a realização de algumas manifestações e vamos tentar fazer as manifestações", acrescentou.