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Mondlane rejeita retorno à RENAMO

28 de abril de 2025

Ex-candidato presidencial em Moçambique rejeita voltar à RENAMO, e diz que "porta está fechada". O seu futuro estará no novo projeto político, ANAMALALA, que pode fragmentar, ainda mais, a oposição no país.

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Venâncio Mondlane - político moçambicano
Venâncio Mondlane: "Não é do meu interesse fazer um volte-face, nem para liderar a RENAMO, nem como membro"Foto: Nádia Issufo/DW

A  Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) é um "capítulo encerrado" no livro da vida de Venâncio Mondlane — afirmou recentemente o próprio político, em declarações exclusivas à DW.

"Neste momento, não tenho interesse em fazer um volte-face, nem para liderar a RENAMO, nem para ser membro", afirmou o ex-candidato presidencial e antigo membro da RENAMO, acrescentando que "isso não faz parte das minhas expectativas nem das minhas aspirações."

"Acho que posso fazer melhor por este país, criando condições para que se abra uma nova oportunidade de actuação política", disse.

Ao longo do seu percurso político, Mondlane passou pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e pela RENAMO. Nas eleições passadas, foi também apoiado pelo Partido Optimista pelo Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), contudo, acabou por se afastar, acusando o partido de "vender a luta do povo".

Por que um novo partido? 

Mondlane liderou um movimento sem precedentes após as eleições gerais de outubro, em contestação aos resultados oficiais que atribuíram a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

Dezenas de milhares de seguidores acompanham religiosamente os seus posts e transmissões em directo nas redes sociais.

Moçambique | Venâncio Mondlane na campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 2023
Foto de arquivo: Venâncio Mondlane foi deputado da RENAMO e concorreu a edil de Maputo nas eleições autárquicas de 2023Foto: Romeu da Silva/DW

Agora, Venâncio Mondlane está a tentar criar um novo partido, a Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMALALA), que ainda aguarda a luz verde das autoridades.

"Janela de oportunidades"

Para o ex-candidato derrotado nas últimas eleições, Moçambique necessita de uma nova janela de oportunidade e de actuação política, "numa espécie de terceira via política, e penso que isso é possível com o novo partido e projecto político", afirmou.

Para o analista político Lourindo Verde, a via da frente unida da oposição não é viável, tendo em conta as desavenças de Mondlane com outras forças políticas.

Conflito

"Venâncio Mondlane vem de um conflito político, não só com o Governo do dia, mas também com o partido em que militava, a RENAMO. Logo à sua saída, foi pregando a ideia de que nunca mais voltaria atrás", recorda o politólogo.

Mondlane afirmou, na altura, que saiu da RENAMO "em consequência de uma tomada de consciência profunda da necessidade de busca de meios mais eficientes" para a sua luta. Por outro lado, referiu que se afastou do PODEMOS para deixar de "dar boleias a penduras".

O problema, segundo Lourindo Verde, é se a criação de um novo partido servirá mais a Venâncio Mondlane, individualmente, do que propriamente à nação.

Verde afirma que o político precisaria de "pôr a mão na consciência", para que "a sua existência não venha a ser mais um partido daqueles que nós temos, que nada fazem para o desenvolvimento deste país", disse.

Mondlane: "O regime tornou-se assassino do seu próprio povo"

Correspondente da DW Marcelino Mueia
Marcelino Mueia Correspondente da DW África em Quelimane