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Ação policial na sede foi a "última humilhação" da RENAMO

29 de maio de 2025

Ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane afirma que intervenção policial na sede da RENAMO foi a "última humilhação" de uma força "histórica" na democracia de Moçambique. “É uma vergonha de todo o tamanho", sublinha.

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Venâncio Mondlane
Venâncio Mondlane afirma que intervenção policial na sede da RENAMO foi "uma vergonha de todo o tamanho"Foto: Nádia Issufo/DW

“É uma vergonha de todo o tamanho. Foi aceitar ou mandar as botas da UIR [Unidade de Intervenção Rápida, da polícia] pisarem, humilharem e cuspirem sobre a lápide da memória de Afonso Dhlakama. A última humilhação que faltava ser feita à RENAMO foi exatamente isto que aconteceu agora”, afirmou Venâncio Mondlane, que em maio de 2024 tentou concorrer à liderança da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), tendo sido impedido pelas estruturas do partido.

Em discurso em sua conta oficial na rede social Facebook, da Noruega, onde participa do Oslo Freedom Forum (OFF), ele lembrou a intervenção daquela força policial nas manifestações de contestação às eleições geraisde 9 de outubro de 2024 - cujos resultados oficiais não reconhece -, com os protestos causando cerca de 400 mortes.

“Independentemente dos problemas que existem dentro da RENAMO, na sede nacional, entrar o maior símbolo da opressão aos moçambicanos, a UIR tomar de assalto a sede com gás lacrimogéneo e levar ex-guerrilheiros da RENAMO, que são aqueles que sustentaram a luta da RENAMO que levou exatamente às grandes mudanças constitucionais que aconteceram na década de 90, não pode ser”, criticou.

A polícia recuperou na quarta-feira a sede nacional da RENAMO, disparando tiros e gás lacrimogêneo para acabar com o protesto de ex-guerrilheiros contra a liderança de Ossufo Momade, que ocupavam o local desde 15 de maio, com pelo menos um ferido.

“As pessoas que deram ordens e que foram pedir ajuda à FRELIMO para que fosse autorizado o ataque à sede da RENAMO ainda querem continuar como líderes da RENAMO? Querem continuar como pessoas válidas para este país?”, questionou, na intervenção de hoje, Venâncio Mondlane, que deixou o partido após o congresso de maio de 2024, em que foi impedido de entrar e de concorrer à liderança, nomeadamente pela exigência colocada de 15 anos de militância.

Maputo | Polícia retoma sede da RENAMO
Polícia recuperou na quarta-feira a sede nacional da RENAMO disparando tiros e gás lacrimogéneo Foto: Jaime Álvaro/DW

No ano anterior, em outubro, Venâncio Mondlane tinha concorrido à autarquia de Maputo pela RENAMO, tendo reclamado vitória apesar dos resultados oficiais voltarem a dar como vencedora a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), protagonizando em seguida mais de 45 dias de marchas e protestos de contestação na capital.

"Nada dizem, estão calados"

No início de 2024, Mondlane – que antes da RENAMO esteve no Movimento Democrático de Moçambique- ainda avançou para os tribunais para forçar a liderança da Renamo a convocar um congresso para eleger nova direção, o que conseguiu, processo do qual voltou a falar hoje, criticando os autoapelidados membros de “gema” do partido.

“Quando eu cheguei à RENAMO, conheci alguns que diziam que são RENAMO de gema. Porque nós éramos miúdos, que eles conheciam a RENAMO verdadeira, a RENAMO pura. São os mesmos, hoje, que eu não vejo posicionamento firme, não vejo neles um posicionamento vigoroso em relação à situação que a RENAMO está a passar”, disse, acusando esses membros de nada terem feito pela realização do congresso, desafiando-os a “aparecerem” nesta fase.

“Nada dizem, estão calados. E se fazem alguma coisa, estão a fazer escondido. E se fazem alguma coisa, estão a fazer de forma covarde. Ninguém dá a cara (…). Deveriam aparecer agora, a levantar o espírito da RENAMO, a salvar a RENAMO”, afirmou.

Garantiu contudo, que este posionamento, numa altura em que está a criar o seu próprio partido, Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (Ele/Ela adormeceu.), não significa qualquer retorno à RENAMO: “Não confundam, não estou aqui para dizer que quero voltar para trás, que quero algum lugar na Renamo. Já vos disse, estou a ir para a frente. Mas eu sentia que tinha que fazer algum comentário”.

Lusa Agência de notícias