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ConflitosMalawi

Há garantias de segurança para regresso dos moçambicanos?

Cai Nebe | rl
19 de março de 2025

Governo moçambicano garante que existe "paz relativa". Ativista diz que é necessário monitorizar regresso dos deslocados que fugiram para o Malawi. Há moçambicanos que ainda não querem regressar.

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Maioria dos moçambicanos chegaram ao Malawi quase sem nada
Violência pós-eleitoral em Moçambique "empurrou" cerca de 13 mil cidadãos para o MalawiFoto: George Mhango/DW

A violência pós-eleitoral em Moçambique "empurrou" cerca de 13 mil cidadãos para o Malawi. Agora, muitos destes deslocados equacionam regressar, apesar de Moçambique ainda estar a recuperar das consequências deixadas pelos protestos dos últimos meses e das condições económicas não serem animadoras.

O Governo de Moçambique anunciou, recentemente, que iniciou uma ação de repatriamento destes refugiados, nesta fase, voluntário.

Garantias de segurança

Em entrevista à DW, Moses Mukandawire, ativista dos direitos humanos, diz que Maputo garantiu às autoridades malawianasque existe "uma paz relativa, não a 100%". "Mas que, pelo menos, tentou garantir a proteção destas pessoas" no seu regresso a casa, acrescentou.

A mesma garantia foi dada por Alexandre Manjate, o Alto Comissário deMoçambique no Malawi, numa entrevista recente à DW.

Segundo Manjate, em fevereiro, dos 13 mil refugiados moçambicanos no Malawi, já só estariam no distrito de Nsanje cerca de 7000.

"A situação é estável. No início, havia muitos moçambicanos. O número chegava aos 13.000, mas agora estamos a falar daqueles 7.330. Isso quer dizer que um grupo considerável já está a regressar às suas zonas de origem em Moçambique", disse na altura.

Vítimas da violência pós-eleitoral em Moçambique procuram refúgio no Malawi
Vítimas da violência pós-eleitoral em Moçambique procuram refúgio no MalawiFoto: George Mhango/DW

No entanto, Moses Mukandawire, também diretor do grupo de reflexão Nyika Institute, diz que é preciso monitorizar. Na sua opinião, cabe às organizações da sociedade civil, fazer "o apuramento dos factos para ver se o compromisso que foi feito pelo Governo de Moçambique é cumprido".

A maioria dos moçambicanos que rumaram ao Malawi foram para o distrito de Nsanje, na fronteira entre os dois países. Chegaram a pé, de barco e por estrada. Alguns tiveram de atravessar rios com crocodilos e hipopótamos com os seus filhos às costas. Abrigaram-se em campos de deslocados, onde o acesso a comida e medicamentos eram escassos.

Moses Mukandawire entende que é importante que os refugiados voltem a Moçambique neste período para que possam "tratar das suas colheitas" a tempo de garantir "comida para as suas famílias" no futuro.

No entanto, e dado o que passaram, também admite que há quem não queira voltar. Para este ativista, sem garantias de "uma paz relativa, eles não voltam".

Protestos continuam, ainda que em menor escala
Protestos continuam, ainda que em menor escalaFoto: Amilton Neves/AFP/Getty Images

"Há [deslocados] que ainda não estão convencidos. E são estes que estão a oferecer algum tipo de resistência, pois sabem que não precisam de ir sem terem 100% de certeza de que podem voltar”, diz.

Economia debilitada

A violência pós-eleitoral em Moçambique foi um duro golpe para a economia do país. Os prejuízos ainda se continuam a somar.

A economista Teresa Boene diz que, neste momento, é necessário "restaurar a estabilidade económica e restaurar e criar um ambiente de negócios favorável".

Segundo a Câmara de Comércio de Moçambique, pelo menos mil empresas encerraram devido à desordem provocada pelos protestos pós-eleitorais.

"Cerca de 40% das nossas infraestruturas foram destruídas pelo vandalismo. Neste momento, estamos a reabilitar, a tentar recuperar, mas não há dinheiro”, disse à DW, Aldemiro Eduardo, empresário em Maputo.

Estima-se que tenham sido perdidos 110 milhões de euros em stocks e infraestruturas e que 17.000 pessoas tenham perdido o emprego.

O Governo moçambicano diz que se perderam cerca de 600 milhões de euros em receitas fiscais.

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