"Greve dos profissionais de saúde é um desastre"
26 de abril de 2025"Uma greve na saúde é um desastre [...] A minha recomendação e o meu pedido aos meus colegas é que vamos discutir o assunto, por um lado, mas não podemos deixar de atender os nossos pacientes. [...]", pediu o ministro da Saúde, Ussene Isse, em Gaza.
"Este é o meu apelo aos colegas: Vamos trabalhar juntos, de forma organizada, de forma estruturada, porque temos que salvar vidas", acrescentou.
Em causa está a greve dos profissionais de saúde moçambicanos que começou no dia 17, por um período de 30 dias que pode estender-se caso não se chegue a "acordos concretos" com o Governo.
A Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM) exige, há três anos, que o Governo providencie a compra de camas hospitalares, além de medicamentos aos hospitais.
Em alguns casos, os fármacos são adquiridos pelos próprios pacientes, dizem os profissionais de saúde.
Outras reivindicações passam pela resolução da "falta de alimentação", pelos equipamentos de ambulâncias com materiais de emergência e de proteção individual não descartáveis.
Segundo os profissionais de saúde, a falta desses materiais também "obriga os funcionários a comprarem do seu próprio bolso".
Os profissionais também exigem o pagamento de horas extraordinárias, além de um melhor enquadramento no âmbito da Tabela Salarial Única (TSU).
"Inconcebível"
Falando à margem da inauguração de um laboratório de saúde pública em Xai-Xai, capital provincial de Gaza, Isse afirmou que a postura dos profissionais de saúde é "inconcebível" e prejudica os pacientes.
"A gente não pode fazer greve morrendo pessoas. Isso não é concebível, não é permissível que alguém tenha um coração tão mau e diz estar na saúde [...], a nossa profissão, infelizmente, é uma profissão em que a greve não é permissível porque nós lidamos com uma das maiores dádivas de Deus no ser humano, que é a vida", defendeu.
O Governo de Moçambique pediu na terça-feira aos profissionais de saúde em greve "confiança" no diálogo em curso, garantindo que a estabilização da situação da classe é uma prioridade.
"[O Governo vem] apelar, mais uma vez, para que se confie nas virtudes do diálogo [...], que a estabilização da situação dos profissionais de saúde é uma preocupação do Governo", disse o porta-voz do Governo de Moçambique, Salim Valá, em declarações à comunicação social, à margem do Conselho de Ministros, em Maputo.
O Sistema Nacional de Saúde moçambicano enfrentou, nos últimos dois anos, diversos momentos de pressão, provocados por greves de funcionários, convocadas, primeiro, pela Associação Médica de Moçambique (AMM) e, depois, pela APSUSM, que abrange cerca de 65.000 profissionais de saúde de diferentes departamentos e que exigem, sobretudo, melhorias das condições de trabalho.