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ConflitosRepública Democrática do Congo

Militares tentam travar avanço do M23 no leste da RDC

DW (Deutsche Welle) | AP | AFP | Lusa
24 de janeiro de 2025

O pânico espalhou-se em Goma na quinta-feira (23.01), com os rebeldes do M23 a avançarem em direção à cidade, no leste da República Democrática do Congo (RDC), enquanto lutam contra os militares congoleses.

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Um tanque com soldados das Forças Armadas da República Democrática do Congo (FARDC) deixa a cidade de Goma em direção a Sake
Os combates entre as forças armadas congolesas e os rebeldes na província do Kivu Norte têm sido intensosFoto: Jospin Mwisha/AFP

Explosões de artilharia pesada foram ouvidas na quinta-feira nos arredores de Goma, capital da província de Kivu do Norte, e centenas de civis feridos foram levados para o hospital.

As tropas congolesas dirigiram-se para a linha da frente para impedir que os rebeldes avançassem para a capital da província oriental, depois de terem já capturado uma série de cidades.

Na quinta-feira, os rebeldes tomaram Saque, uma cidade a apenas 27 quilómetros de Goma e uma das últimas na rota principal para a capital de Kivu do Norte, ainda sob controlo das forças do Governo congolês.

Nas últimas semanas, os rebeldes do M23 têm vindo a avançar no leste da RDC, rico em minerais, aproximando-se de Goma, que tem cerca de 2 milhões de habitantes e é um centro regional de segurança e prestação de cuidados humanitários.

Uma das maiores crises humanitárias do mundo

O M23 é um dos cerca de 100 grupos armados ativos que têm tentado impor-se no leste da RDC, ao longo da fronteira com o Ruanda, num conflito que dura há décadas e que criou uma das maiores crises humanitárias do mundo. Mais de 7 milhões de pessoas tiveram de sair da região.

No início deste mês, os rebeldes do M23 tomaram as cidades de Minova, Katale e Masisi, a oeste de Goma.

"O povo de Goma tem sofrido muito, tal como os outros congoleses", escreveu o porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, na rede social X. "O M23 está a caminho da sua libertação e eles têm de se preparar para receber essa libertação", acrescentou.

Quem são os principais atores no conflito na RDC?

A RDC, os Estados Unidos e os peritos da ONU acusam o Ruanda de apoiar o M23, composto maioritariamente por elementos de etnia tutsi que se separaram do exército congolês há mais de uma década.

O Governo do Ruanda nega a alegação, mas em 2023 admitiu que tem tropas e sistemas de mísseis no leste do Congo para salvaguardar a segurança ruandesa, em face à acumulação de forças congolesas perto da fronteira.

Na quarta-feira, o ministro da Comunicação do Congo, Patrick Muyaya, disse à emissora francesa France 24 que a guerra com o Ruanda é uma "opção a considerar".

ONU condena ofensiva

Na quinta-feira (23.01), o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou "nos termos mais fortes, a nova ofensiva lançada pelo Movimento 23 de Março", incluindo a tomada de Sake.

"Esta ofensiva tem um impacto devastador na população civil e aumenta o risco de uma guerra regional mais alargada", lê-se na declaração de Guterres, que instou "todas as partes a respeitarem os direitos humanos e o direito internacional humanitário".

A Embaixada dos Estados Unidos na capital do Congo, Kinshasa, alertou para "um aumento da gravidade do conflito armado perto de Sake" e aconselhou os cidadãos norte-americanos em Goma a estarem atentos no caso de terem de fugir a qualquer momento.

O Reino Unido também emitiu um aviso de viagem, afirmando que o M23 controla atualmente Saque, e instando os cidadãos britânicos a deixarem Goma enquanto as estradas estiverem abertas.

Jovens da RDC juntam-se ao Exército para combater o M23

AP Agência de notícias
AFP Agência de notícias
Lusa Agência de notícias