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PolíticaAlemanha

Merz encontra-se com Trump: Qual é a agenda da Alemanha?

Mathew Moore | Catarina Martins
5 de junho de 2025

O chanceler alemão Friedrich Merz está em Washington, onde se reúne com o Presidente Donald Trump. As atenções centram-se nas potenciais frições entre os dois líderes, que divergem sobre temas como defesa e migração.

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Donald Trump e Friedrich Merz
Desde as pautas aduaneiras até ao partido de extrema-direita AfD, há pelo menos cinco potenciais fontes de tensão entre Donald Trump e Friedrich MerzFoto: dpa/AP/picture alliance

No final do encontro, está prevista uma conferência de imprensa na Sala Oval. As visitas anteriores à Casa Branca, como as dos presidentes da Ucrânia e da África do Sul, ficaram marcadas por momentos de tensão. O que se pode esperar deste encontro entre Washington e Berlim?

Desde que tomou posse, Friedrich Merz tem como missão manter Donald Trump do lado da Europa. "Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer expressamente ao Presidente dos EUA pelo seu empenho pessoal nas últimas semanas", declarou.

Mas os recentes encontros na Sala Oval sugerem que Merz terá de estar atento quando entrar na "cova dos leões". Desde as pautas aduaneiras até ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), há pelo menos cinco potenciais fontes de tensão.

1. Defesa e Ucrânia

Donald Trump diz que a Alemanha tem poupado nas despesas militares enquanto beneficia da proteção dos EUA. 

As despesas de defesa per capita mostram a grande diferença. Merz abraçou recentemente a exigência de Trump de 5% de despesas com a defesa na NATO. 

Mas Trump pode não gostar das letras miúdas que dizem que parte desse montante deve ser destinado a infraestruturas.

E sobre a questão do apoio à Ucrânia, Trump criticou os europeus por fazerem muito pouco à custa dos EUA.

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2. Empresas tecnológicas e liberdade de expressão

Esta é uma questão em que os dois lados estão em desacordo.

O mundo Trump considera que as regras alemãs e europeias sobre moderação de conteúdos são censura - um ataque à liberdade de expressão.

Os europeus e Merz querem que as grandes empresas tecnológicas se limitem a conteúdos nocivos e paguem mais impostos.

Poucos dias antes da visita de Merz, a Alemanha lançou lenha na fogueira ao anunciar um imposto de 10% sobre a Meta e a Alphabet. 

3. Migração

Há muito que Trump critica a Alemanha nesta matéria. Em 2015, atacou Angela Merkel depois de esta ter acolhido um milhão de refugiados que fugiam da guerra. "Ela está a destruir o seu país", disse.

O círculo íntimo do Presidente vê a "imigração em grande escala" como uma ameaça existencial à identidade e à cultura europeias. "Penso que não há nada mais urgente do que a migração em massa", considera JD Vance.

Merz está a adotar uma linha mais dura em relação à migração irregular do que os seus antecessores. Poderá isto desanuviar a questão ou Trump vai redobrar os seus esforços?

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4. Comércio e direitos aduaneiros

Há anos que Donald Trump se tem queixado de que a Alemanha vende mais aos Estados Unidos do que compra. 

O Presidente dos EUA impôs tarifasde 25% sobre os automóveis alemães, que foram suspensas por enquanto.

Caberá a Merz explicar porque é que as tarifas são más para o negócio e que o comércio com a Alemanha é uma situação vantajosa para todos. 

5. AfD 

A equipa de Trump cortejou o partido de extrema-direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD). O primeiro foi Elon Musk. Depois houve a intervenção bombástica de JD Vance nas eleições alemãs, quando apelou aos líderes políticos para colaborarem com a AfD. 

Depois de os serviços de segurança alemães terem classificado a AfD como uma ameaça à democracia, o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio chamou-lhe "tirania disfarçada". 

Todas estas questões podem fazer com que o confronto na Sala Oval seja bastante aceso. Muito vai depender do facto de o chanceler alemão conseguir manter a calma.  

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