Membro da equipa de Mondlane ferido após disparos da polícia
5 de março de 2025A marcha que teve lugar esta quarta-feira foi transmitida em vídeo e em direto pelas redes sociais de Venâncio Mondlane e é possível ver que um veículo das forças de segurança acompanhava o evento.
Os disparos da polícia aconteceram por volta das 13:00 locais, no bairro de Hulene, ao longo da Avenida Julius Nyerere, quando a caravana que acompanhava o ex-candidato presidencial seguia em direção à Praça dos Combatentes, partindo da Praça da Juventude, no bairro Magoanine, nos subúrbios de Maputo.
A polícia moçambicana posicionou-se em todas as principais vias e avenidas que dão acesso ao Centro de Conferências Joaquim Chissano, onde será hoje assinado o acordo político entre o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, e partidos políticos.
Além dos partidos com assento parlamentar, incluindo o que apoiou Mondlane nas presidenciais, o Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o acordo vai ser assinado também pelo extraparlamentar Nova Democracia.
O acordo, que continua a excluir Venâncio Mondlane, centra-se em reformas estatais, no âmbito do diálogo político para o fim da crise pós-eleitoral no país.
Mondlane critica acordo entre Chapo e partidos
Venâncio Mondlane considera que este entendimento político é "um acordo de pessoas sem povo, um acordo em nome do povo, mas o povo não vai estar lá." O que será assinado, acrescentou, "é uma espécie de um papel", disse perante milhares de pessoas no bairro de Magoanine.
O chefe de Estado moçambicano prometeu várias vezes "alargar a mesa do diálogo" para "vários segmentos da sociedade". Académicos e analistas continuam a criticar a exclusão de Venâncio Mondlane, o segundo mais votado nas eleições de 9 de outubro, de acordo com o Conselho Constitucional.
Mondlane, que lidera a maior contestação aos resultados que o país conheceu desde as primeiras eleições, em 1994, voltou hoje a prometer manifestações de rua por cinco anos com o objetivo de pressionar o Governo a fazer "o que o povo quer".
"Queremos anunciar que este ano 2025 até 2030 são 1.825 dias de manifestações todos os dias. Se não fizerem o que o povo quer, não vão governar em Moçambique", disse Venâncio Mondlane.
Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 3.500 ficaram feridas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.
O Governo moçambicano confirmou apenas 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.