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Membro da equipa de Mondlane ferido após disparos da polícia

DW (Deutsche Welle) | Lusa
5 de março de 2025

Durante uma passeata de Venâncio Mondlane nos subúrbios de Maputo, ouviram-se disparos da polícia para dispersar as centenas de pessoas que acompanhavam o ex-candidato presidencial. Um membro da comitiva ficou ferido.

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Venâncio Mondlane, ex-candidato presidencial moçambicano
Venâncio Mondlane considera que o entendimento político entre o Presidente e os partidos é "um acordo de pessoas sem povo"Foto: Alfredo Zungia/AFP

A marcha que teve lugar esta quarta-feira foi transmitida em vídeo e em direto pelas redes sociais de Venâncio Mondlane e é possível ver que um veículo das forças de segurança acompanhava o evento.

Os disparos da polícia aconteceram por volta das 13:00 locais, no bairro de Hulene, ao longo da Avenida Julius Nyerere, quando a caravana que acompanhava o ex-candidato presidencial seguia em direção à Praça dos Combatentes, partindo da Praça da Juventude, no bairro Magoanine, nos subúrbios de Maputo.

A polícia moçambicana posicionou-se em todas as principais vias e avenidas que dão acesso ao Centro de Conferências Joaquim Chissano, onde será hoje assinado o acordo político entre o Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, e partidos políticos.

Além dos partidos com assento parlamentar, incluindo o que apoiou Mondlane nas presidenciais, o Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), o acordo vai ser assinado também pelo extraparlamentar Nova Democracia.

O acordo, que continua a excluir Venâncio Mondlane, centra-se em reformas estatais, no âmbito do diálogo político para o fim da crise pós-eleitoral no país.

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Venâncio Mondlane considera que este entendimento político é "um acordo de pessoas sem povo, um acordo em nome do povo, mas o povo não vai estar lá." O que será assinado, acrescentou, "é uma espécie de um papel", disse perante milhares de pessoas no bairro de Magoanine.

O chefe de Estado moçambicano prometeu várias vezes "alargar a mesa do diálogo" para "vários segmentos da sociedade". Académicos e analistas continuam a criticar a exclusão de Venâncio Mondlane, o segundo mais votado nas eleições de 9 de outubro, de acordo com o Conselho Constitucional.

Mondlane, que lidera a maior contestação aos resultados que o país conheceu desde as primeiras eleições, em 1994, voltou hoje a prometer manifestações de rua por cinco anos com o objetivo de pressionar o Governo a fazer "o que o povo quer".

"Queremos anunciar que este ano 2025 até 2030 são 1.825 dias de manifestações todos os dias. Se não fizerem o que o povo quer, não vão governar em Moçambique", disse Venâncio Mondlane.

Desde outubro, pelo menos 353 pessoas morreram, incluindo cerca de duas dezenas de menores, e cerca de 3.500 ficaram feridas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.

O Governo moçambicano confirmou apenas 80 óbitos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

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Lusa Agência de notícias