Manica: Sementes falsificadas geram prejuízo a agricultores
9 de junho de 2025Milhares de agricultores, especialmente do setor familiar, na província de Manica, estão a registar perdas significativas na presente safra agrícola devido à utilização de sementes falsificadas, que são engenhosamente empacotadas em embalagens com rótulos de uma renomada multinacional.
Como explica à DW, Edson José, um dos agricultores lesados, as sementes em causa não germinam, e por isso o rendimento agrícola é muito baixo.
"Por cada quilograma de semente semeada somente germinam duas, três ou quatro plantas. Isso faz-nos passar fome. O que estão a fazer não é bom", lamenta.
Ali Baraza Júnior, diretor nacional da SEED.CO, proprietária da empresa que produz sementes certificadas, explica que também é vítima da ilegalidade.
"Os contrafatores estão a roubar o dinheiro do povo, o dinheiro suado dos nossos agricultores vendendo sementes falsas em embalagens falsas, e nós somos uma das maiores vítimas desta prática abominável dos contrafatores em Moçambique, especialmente na cidade de Chimoio. Infelizmente existem pessoas e agentes de má-fé que colocam essas sementes no mercado sem qualidade e sem certificação", diz.
Baraza faz um apelo vigoroso aos agricultores, especialmente aos do setor familiar, para que adquiram as sementes agrícolas somente em lojas e empresas confiáveis.
Processos judiciais abertos
Neste momento, existem já três empresas localizadas na cidade de Chimoio a enfrentar processos judiciais por contrafação e venda de sementes não certificadas.
Edson Rafael, advogado da empresa lesada, frisa que a Inspeção Nacional das Atividades Económicas (INAE) e a Procuradoria em Manica estão atentas ao problema.
Segundo ele, "já foram instaurados os respetivos expedientes". "Temos a agradecer a colaboração do INAE junto da Procuradoria. Até então foram identificadas três empresas. Para além de criar lesões económicas e financeiras, essa pratica da contrafação quebra a confiança dos agricultores" diz.
Fiscalização
João Jordane, responsável pelo laboratório provincial de sementes em Manica, denuncia o processo de falsificação, envolvendo comerciantes que adulteram sementes de baixo padrão ao empacotá-las em embalagens de empresas certificadas:
"Existem alguns comerciantes que compram e depois vão empacotando nas embalagens por forma a obter lucros. Para desmantelar esses casos, temos feito fiscalização ao nível dos mercados e temos encontrado alguns produtos contrafeitos em embalagens de algumas empresas", explica.
A semente de milho tem sido a mais falsificada, o que culmina com prejuízos, principalmente para os que dependem da agricultura para a sua subsistência e renda familiar.