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CriminalidadeMoçambique

Manica: Sementes falsificadas geram prejuízo a agricultores

9 de junho de 2025

Produto está à venda no mercado local, falsamente rotulado como certificado. Agricultores lesados lamentam a fraude. Caso já está na justiça.

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Mau ano de cultivo em Manica, 2024
Semente de milho tem sido a mais falsificadaFoto: Bernardo Jequete/DW

Milhares de agricultores, especialmente do setor familiar, na província de Manica, estão a registar perdas significativas na presente safra agrícola devido à utilização de sementes falsificadas, que são engenhosamente empacotadas em embalagens com rótulos de uma renomada multinacional.

Como explica à DW, Edson José, um dos agricultores lesados, as sementes em causa não germinam, e por isso o rendimento agrícola é muito baixo.

"Por cada quilograma de semente semeada somente germinam duas, três ou quatro plantas. Isso faz-nos passar fome. O que estão a fazer não é bom", lamenta.

Ali Baraza Júnior, diretor nacional da SEED.CO, proprietária da empresa que produz sementes certificadas, explica que também é vítima da ilegalidade.

"Os contrafatores estão a roubar o dinheiro do povo, o dinheiro suado dos nossos agricultores vendendo sementes falsas em embalagens falsas, e nós somos uma das maiores vítimas desta prática abominável dos contrafatores em Moçambique, especialmente na cidade de Chimoio. Infelizmente existem pessoas e agentes de má-fé que colocam essas sementes no mercado sem qualidade e sem certificação", diz.

Ali Baraza Júnior, diretor nacional da SEED.CO, proprietária da empresa que produz sementes certificadas
Ali Baraza Júnior, diretor nacional da SEED.CO, proprietária da empresa que produz sementes certificadasFoto: Bernardo Jequete/DW

Baraza faz um apelo vigoroso aos agricultores, especialmente aos do setor familiar, para que adquiram as sementes agrícolas somente em lojas e empresas confiáveis.

Processos judiciais abertos

Neste momento, existem já três empresas localizadas na cidade de Chimoio a enfrentar processos judiciais por contrafação e venda de sementes não certificadas.

Edson Rafael, advogado da empresa lesada, frisa que a Inspeção Nacional das Atividades Económicas (INAE) e a Procuradoria em Manica estão atentas ao problema.

Segundo ele, "já foram instaurados os respetivos expedientes". "Temos a agradecer a colaboração do INAE junto da Procuradoria. Até então foram identificadas três empresas. Para além de criar lesões económicas e financeiras, essa pratica da contrafação quebra a confiança dos agricultores" diz.

Fiscalização

João Jordane, responsável pelo laboratório provincial de sementes em Manica, denuncia o processo de falsificação, envolvendo comerciantes que adulteram sementes de baixo padrão ao empacotá-las em embalagens de empresas certificadas:

"Existem alguns comerciantes que compram e depois vão empacotando nas embalagens por forma a obter lucros. Para desmantelar esses casos, temos feito fiscalização ao nível dos mercados e temos encontrado alguns produtos contrafeitos em embalagens de algumas empresas", explica.

A semente de milho tem sido a mais falsificada, o que culmina com prejuízos, principalmente para os que dependem da agricultura para a sua subsistência e renda familiar.

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Bernardo Jequete Correspondente da DW África em Chimoio