Mais de 340 pessoas detidas em protestos na Turquia
22 de março de 2025O ministro do interior turco, Ali Yerlikaya, afirmou este sábado (22.03) que foram detidas mais de 340 pessoas na sequência dos protestos de sexta-feira contra a prisão do autarca de Istambul e opositor ao governo turco, Ekrem Imamoglu. "Aqueles que procuram o caos e a provocação não serão tolerados", disse o ministro.
Ali Yerlikaya especificou que 343 suspeitos foram presos durante os protestos que ocorreram em Istambul e em outras oito cidades da Turquia.
Em causa estão as manifestações que têm decorrido, desde quarta-feira. Além de Istambul, a agência de notícias AFP dá conta de manifestações em Izmir (oeste), Ancara, Erdrine e Canakkale no noroeste, bem como Adana e Antalya no sul.
Já a espanhola EFE relata que muitos estudantes foram presos após operações em dormitórios de universidades.
Os manifestantes contestam a prisão de Ekrem Imamoglu, de 53 anos, que foi preso em sua casa na madrugada de quarta-feira e deve ser interrogado hoje pela polícia. Imamoglu enfrenta acusações de "terrorismo" e "corrupção", indica a imprensa local.
O Partido Popular Republicano, do qual faz parte, convocou mais manifestações para a noite de hoje.
A acusação de terrorismo tem como alvo o banido Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que no início deste mês disse estar pronto para depor as armas e se dissolver.
Segundo seu advogado, Mehmet Pehlivan, na sexta-feira, numa audiência que durou seis horas, Imamoglu "negou todas as acusações num documento de 121 páginas".
Pehlivan denuncia o uso de "testemunhas secretas de forma abusiva", bem como a passagem de testemunhos não identificados à imprensa, acreditando que os direitos da defesa, bem como "o direito a um julgamento justo foram violados".
Numa mensagem publicada na rede social X, através dos advogados, Ekrem Imamoglu agradece às "dezenas de milhares de manifestantes" que foram às ruas.
"Vocês estão a defender a nossa República, a democracia, o futuro de uma Turquia justa e a vontade da nossa nação", escreveu.
O Presidente turco descreveu o apelo de Ozgur Ozel, líder do principal partido da oposição turca, o Partido Popular Republicano, a novas manifestações como "uma grave irresponsabilidade" por tentar levar para as ruas um caso que disse ser da área da justiça. Desde quarta-feira, realizaram-se manifestações em pelo menos 32 das 81 províncias da Turquia, segundo uma contagem da AFP.
A atual vaga de protestos não tem precedentes desde as grandes manifestações que tiveram início na Praça Taksim em 2013.
Imamoglu, cujo interrogatório pelos investigadores começou esta semana, segundo a emissora estatal TRT, deveria ser anunciado como candidato do CHP às próximas eleições presidenciais.
Mas a universidade estatal de Istambul cancelou o diploma de Imamoglu na terça-feira à noite, criando-lhe mais um obstáculo, uma vez que a Constituição exige que qualquer candidato à presidência tenha um título de ensino superior.
Imamoglu foi reeleito em 2024 depois de conquistar Istambul em 2019 ao Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, na sigla em turco), a formação islâmica conservadora no poder liderada por Erdogan.