Macron e Merz reforçam aliança franco-alemã

O Presidente francês, Emmanuel Macron, e o novo chanceler alemão, Friedrich Merz, reuniram-se esta quarta-feira em Paris, num encontro marcado pela promessa de revitalizar a cooperação franco-alemã e enfrentar em conjunto os desafios estratégicos da Europa.

Na sua primeira visita internacional desde que assumiu o cargo, Merz foi recebido no Palácio do Eliseu, onde ambos os líderes anunciaram a criação de um Conselho de Defesa e Segurança franco-alemão, que se reunirá regularmente para fornecer respostas operacionais a ameaças comuns.

Divergências sobre o Mercosul

Durante a conferência de imprensa conjunta, o chanceler alemão defendeu uma rápida ratificação do acordo de comércio livre entre a União Europeia e os países do Mercosul, mesmo reconhecendo a oposição da França. Merz salientou que "a relutância francesa em certos aspetos não compromete o compromisso europeu com o comércio internacional".

Já Macron reiterou as suas reservas, sublinhando que a França apoia acordos comerciais que garantam condições equitativas para os produtores europeus. "O acordo com o Canadá é um bom exemplo de igualdade de condições", disse, referindo-se ao tratado UE-Canadá como um modelo a seguir.

Conflitos internacionais em destaque

Merz declarou que os europeus não podem substituir os Estados Unidos na busca por um cessar-fogo na guerra entre a Ucrânia e a Rússia, em curso desde fevereiro de 2022. Segundo o chanceler, "o fim do conflito exigirá um compromisso político e militar dos EUA, incluindo garantias de segurança para a Ucrânia".

O líder alemão também anunciou planos para visitar a Ucrânia "nas próximas semanas", com o objetivo de reforçar os esforços da União Europeia na obtenção de um cessar-fogo duradouro. Apesar de mostrar otimismo quanto a futuras negociações de paz, Merz recusou-se a comprometer-se com garantias de segurança para Kiev sem um acordo previamente estabelecido.

Gaza e o Médio Oriente

No que diz respeito à crise humanitária na Faixa de Gaza, Macron condenou a atuação de Israel: "É inaceitável que Israel não respeite o direito humanitário e cause deslocações forçadas da população civil", afirmou, classificando a situação no enclave palestiniano como "a mais crítica de sempre". Apesar disso, o Presidente francês justificou o apoio ao país na luta contra o terrorismo do Hamas, negando acusações de duplicidade de critérios por parte da diplomacia francesa.

Tensão entre Índia e Paquistão

Outro tema abordado foi o aumento da tensão entre a Índia e o Paquistão, na sequência de confrontos que já provocaram dezenas de mortos dos dois lados. Merz alertou para o risco de escalada:

"Temos de manter a cabeça fria, mostrar contenção e agir com razão", declarou. A instabilidade na região intensificou-se desde 22 de abril, quando um ataque armado em Caxemira resultou em 26 mortos no lado indiano do território disputado.